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​Cristas avisa que não se calará sobre Tancos. “Não temos medo do PS”

29 set, 2019 - 01:12 • João Cunha, com Lusa

Líder do CDS, que pediu uma nova comissão parlamentar para investigar o caso, alerta que cabala foi "filme que não acabou bem". Garante que o partido não se atemoriza com "mensagens" sobre "preço político" de insistir no dossier Tancos.

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​Cristas avisa que não se calará sobre Tancos - Reportagem de João Cunha
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A presidente do CDS-PP subiu este sábado o tom contra o PS no caso de Tancos, prometeu que "não se calará" e alertou que a tese das cabalas, no passado, foi "um filme que não acabou bem".

Foi num discurso num jantar comício em Albergaria-a-Velha, Aveiro, que Assunção Cristas falou de "um dos maiores escândalos da vida democrática" portuguesa e afirmando que o Governo "silenciou" e "participou numa ilegalidade e numa mentira que vendeu ao país" acerca do alegado desconhecimento do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes e de António Costa sobre o encobrimento na recuperação do material furtado no paiol de Tancos, em 2017.

Cristas insistiu que o ex-ministro soube dessa operação e na tese de ser "pouco crível" que Costa não soubesse do que estava para acontecer.

A quem ache que esteja a exagerar nas palavras, perguntou que "outras se usariam para contar a história" de um ministro que "participou num esquema como o do suposto esquema do achamento das armas, furtadas, num esquema negociado com criminosos que ficaram impunes para disfarçar uma falha profunda de segurança".

Numa parte em que o discurso foi ouvido com mais silêncio na sala, a líder centrista avisou que "outros podem ter medo do PS", medo do "confronto" com o poder, mas o CDS não se atemoriza com "mensagens" que disse ter recebido quanto ao "preço político" de insistir no dossiê Tancos na campanha eleitoral.

"No CDS não temos medo, não temos medo do PS e de dizer a verdade. Há quem nos mande mensagens, que temos um preço político, mas a verdade não tem preço", afirmou, empolgada.

Sem nunca identificar os autores, Cristas afirmou que o "papel do CDS não é pôr-se na fila para agradar ao dr. António Costa e ao PS" e sublinhopu que o CDS sempre fez "uma oposição firme"

E numa referência à notícia do semanário Expresso, de que o PS acredita numa conspiração neste caso, Assunção Cristas também teve palavras duras.

"Já vimos este filme e o filme não acabou bem", afirmou, numa referência, sem o mencionar diretamente, a José Sócrates e à tese da cabala a propósito da operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro foi acusado.

"Não há, a nosso ver, qualquer conspiração, mas se existir é uma conspiração contra o Estado Democrático", contraatacou.

Nos últimos quatro anos, afirmou que "muitas vezes" os centristas foram "os únicos" a enfrentar a "arrogância e sobranceria do PS", do "quem se mete com o PS leva", como se o partido do Governo "não pode ser criticado, censurado".

Em dia de aniversário, o jantar comício, o maior desta campanha, em Albergaria-a-Velha começou com os apoiantes a cantarem o "Parabéns a você", Assunção Cristas em palco, rodeada pelos filhos.

Portas (em vídeo) deseja resultado "melhor do que muitos esperam"

O ex-líder do CDS-PP Paulo Portas fez um forte apelo ao voto no partido para evitar uma maioria de esquerda nas legislativas de outubro e desejou um "bom resultado", "melhor do que muitos esperam" a Assunção Cristas.

Numa mensagem em vídeo, exibida num jantar comício em Angeja, Portas recorda que foi eleito seis vezes pelo círculo de Aveiro e dedicou as primeiras palavras à sua sucessora à frente dos centristas.

"[Quero] cumprimentar, em primeiro lugar, a presidente do partido, a quem desejo tudo de bom, que conduza as nossas cores a um bom resultado no dia 6 de outubro, melhor do que muitos esperam", afirmou, numa mensagem de três minutos em que também elogiou o trabalho dos dois deputados do CDS, João Almeida e António Carlos Monteiro, que "trabalharam muito bem durante estes quatro anos".

"Quem trabalha merece ser recompensado, quem não trabalha deve mudar de ramo", disse.

O antigo vice-primeiro-ministro do Governo PSD/CDS pediu trabalho aos "militantes e simpatizantes" no esclarecimento dos eleitores, alertando contra uma eventual maioria de esquerda, após as eleições de 6 de outubro.

"Lembrem as pessoas o que aconteceu em 2015. O que contou não foi a coligação ter ganho ou o partido com mais votos. O que contou foi a soma dos deputados no parlamento. Por isso é que nasceu a 'geringonça' e por isso é que os deputados do CDS são essenciais. Os deputados do CDS somam e sem a soma dos deputados do CDS a maioria será de esquerda".

A todos pediu que tenham a noção de que "se o CDS não eleger os seus deputados", os eleitos serão os "deputados do PS, do BE, do PCP e do PAN".

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