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Cerca de 100 mil portugueses têm problemas de jogo com a raspadinha

19 set, 2023 - 07:28 • João Cunha com Redação

Pessoas com menor instrução escolar, menos rendimentos e piores indicadores de saúde mental são as que mais jogam.

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Cerca de 100 mil portugueses têm problemas de jogo com a raspadinha e destes, 30 mil terão perturbação de jogo patológica. A conclusão é de um estudo "Quem paga a raspadinha?", que é apresentado esta terça-feira pelo Conselho Económico e Social (CES), em parceria com a Universidade do Minho, a que o jornal Público já teve acesso.

O trabalho conclui que quem aufere entre os 400 e 664 euros tem três vezes mais probabilidade de ser jogador frequente da raspadinha, face a quem recebe 1.500 euros por mês. Mesmo os que recebem menos de 400 euros têm o dobro da probabilidade de "raspar" de forma regular, comparativamente com as classes de rendimento superior.

Quando se tenta perceber a motivação, nota-se que os consumidores mais viciados são os que mais alegam sentir necessidade de comprar raspadinhas para ganhar dinheiro. É a explicação dada por 83% das pessoas que jogam diariamente e 58% das que o faz todas as semanas.

“Dado que, por definição, quem joga muito em média perde dinheiro, é-se obrigado a concluir que a grande maioria destes jogadores têm perceções erradas das probabilidades associadas aos prémios”, lê-se no estudo da CES.

Ao mesmo tempo, quem possui apenas o ensino básico tem seis vezes mais probabilidade de ter esse comportamento do que aqueles que têm um mestrado ou doutoramento. Também os mais velhos, com 66 anos ou mais, têm o dobro da probabilidade de jogar, face a pessoas entre a faixa etária dos 18 aos 36 anos.

O estudo aponta recomendações ao governo, como medidas legislativas - entre elas a criação de um cartão de jogador, em que se pode identificar comportamentos patológicos face ao jogo.

O estudo foi lançado em maio do ano passado, pelo presidente do CES, Francisco Assis. Na altura, o antigo eurodeputado apontou “responsabilidades públicas” ao vício deste jogo e manifestou expetativas de que fossem tomadas decisões para minimizar a situação após o conhecimento das conclusões.

Em junho, a Renascença realizou uma reportagem acerca deste problema, onde procurou saber - junto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa - que tipo de apoio disponibiliza aos casos em que manifestamente deteta comportamentos aditivos, seja na raspadinha ou em qualquer outro jogo. Filipe contou que o vício é constante: "Para mim já se tornou um vício. É a mesma coisa que o tabaco". Pode recordá-la aqui.

Só em 2020, os portugueses gastaram 1,4 mil milhões de euros em raspadinhas - o equivalente a quatro milhões por dia.

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