Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Arraiolos

“Nógado” do Vimeiro quer ser marca nacional

05 ago, 2021 - 10:35 • Rosário Silva

Município do distrito de Évora prepara-se para liderar processo que visa registar um doce tradicional da região – o “Nógado” – no Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

A+ / A-

No Alentejo, é uma especialidade gastronómica com enorme relevância e, como guloseima ou sobremesa, o “Nógado” é consumido, tradicionalmente, na época do Carnaval (mas não só), até para aproveitar a massa que sobrou das filhós.

À base de farinha, ovos, azeite, canela e casca de limão, este doce pode ser apresentado em pequenas formas geométricas de massa frita, ligada com bastante mel. E, ao contrário do que se pensa, até atendendo à sua aparência, este doce típico do Vimieiro, no concelho de Arraiolos, não leva nem pinhões, nem nozes.

A Câmara Municipal de Arraiolos prepara-se agora para liderar um processo que visa registar a marca “Nógado”, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

Depois de analisada uma série de informações importantes, a proposta do município foi bem acolhida pela Junta de Freguesia de Vimieiro, a Associação Jovens em Movimento-Vimieiro, a Associação de Reformados e Pensionistas de Vimieiro, um restaurante, duas padarias e uma confeitaria que, em conjunto, vão levar o projeto por diante.

Queremos preservar os saberes e os sabores ligados à gastronomia e doçaria do concelho, bem como promover um doce tradicional que perdura na memória viva dos vimieirenses”, justifica Sílvia Pinto, a presidente da Câmara Municipal de Arraiolos.

Segundo a autarca, “juntam-se vontades”, para que a antiga receita que chegou aos dias de hoje, “mercê do testemunho verbal das gerações mais idosas”, possa vir “a ter uma identidade consubstanciada na criação duma marca nacional, condicente com a sua singularidade.”

A origem deste doce é atribuída ao Real Convento das Servas de Borba, embora seja uma receita muito divulgada em todo o Alentejo. Além de Vimieiro, surge com maior frequência nas zonas de Elvas, Estremoz e Portalegre, aparecendo, inclusive, num livro de receitas do princípio do século, como receita denominada “Nógados do Alentejo”.

Uma tradição, confirma-se, que varia de acordo com as diferentes zonas do Alentejo, mudando igualmente a sua sazonalidade, sendo que nuns locais é típico do Carnaval, noutros faz-se por altura do Natal ou até por ocasião da celebração do dia de S. João.

“Do “Nógado” chegam-nos relatos diversos sobre a sua receita consoante as regiões”, confirma Sílvia Pinto, que considera fundamental “a transmissão de usos e costumes alicerçados em práticas ancestrais”, alcançando “um espaço importante, com relevo, para as empresas locais e a sua economia”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+