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Eleições Legislativas 2024

Chega. Sonho de vitória e desdém pela AD, mas com pressão para acordo

01 mar, 2024 - 08:35 • Tomás Anjinho Chagas

Primeira semana de campanha mantém Chega em terceiro nas sondagens e partido debate-se entre “o que é” e o que “gostava que fosse”. Voto útil é o adversário.

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O Chega recuperou a ideia de querer vencer as eleições, mas, por vezes, André Ventura admite que a parada pode estar demasiado alta.

A estratégia permanece inalterada e o Chega oscila entre a vitória que quer ter e a realidade que pode vir a impor-se no dia 10 de março.

A primeira semana, que levou o líder do partido ao Norte do país, deixa a ideia clara de que Ventura é uma figura popular para os portugueses.

Ao passar pelo Porto, Aveiro, Braga, Viana do Castelo, Vila Real, Bragança e Guarda, a caravana do Chega soma perto de 1.500 quilómetros.


Colagem do PSD ao PS

Para fugir ao voto útil na Aliança Democrática a ideia passa por colocar os dois maiores partidos no mesmo saco e aparecer como alternativa ao sistema no ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de abril.

Se esse é o alvo, a munição utilizada são os escândalos de corrupção e os astros parece que se alinharam para isso: as eleições que se aproximam foram provocadas pela queda do Governo de António Costa (PS). E pelo meio caiu o governo regional da Madeira encabeçado por Miguel Albuquerque (PSD).

A estratégia de André Ventura é dizer que não há nada que distinga Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro e apresentar-se como a terceira via.

Campeonato dos três grandes?

No seguimento dessa tática, e à boleia das sondagens que colocam o Chega mais próximo do PSD e PS do que dos outros partidos, André Ventura procura convencer os eleitores que o partido está a atingir o feito de acabar com o bipartidarismo em Portugal.

O Chega quer saltar para a piscina dos grandes e oferecer aos eleitores uma terceira via, e para isso, o caminho é falar para cima (PS e PSD) e não para baixo (IL, BE, PCP, PAN e Livre).

Realidade não corresponde

Apesar de insultar Luís Montenegro e de colar o PSD ao PS, André Ventura demonstra a sua veia mais pragmática quando é confrontado pela realidade.

Assumindo que o objetivo de vencer as eleições pode ser irrealista, o líder do Chega conforma-se com uma coligação ao PSD (constantemente rejeitada pelos social-democratas).

“A política é a arte do que é, não a arte do que eu gostava que fosse”, respondeu André Ventura no final da semana aos jornalistas.

O Chega volta a deixar a porta aberta a um entendimento com a AD para afastar o PS do poder e pressiona Montenegro a dizer o que faz sem maioria absoluta (AD+IL), tentando fugir ao beco sem saída em que o PSD o colocou e que pode prejudicar o Chega através do voto útil.

Líder reconhecido

A maior parte das ações de campanha tem sido feita através de almoços e jantares-comício e este período mais intenso só vai ter três arruadas (duas delas já aconteceram). Mesmo não tendo muito contacto com a população, quando a tem, André Ventura tem sido reconhecido e acarinhado pelas pessoas.

Os eleitores parecem reconhecê-lo imediatamente e ver nele um homem reto com capacidade de agitar o panorama político. Resta saber se votarão nele.

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