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EUA. Jack Teixeira deve declarar-se culpado por fuga de informação

01 mar, 2024 - 07:09 • Lusa

Teixeira ingressou na Guarda Nacional em setembro de 2019 e estava autorizado a aceder a informações ultrassecretas desde 2021.

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O membro da Guarda Nacional Aérea do Massachusetts acusado de divulgação indevida de informação classificada, Jack Teixeira, deve declarar-se culpado no processo federal, de acordo com documentos judiciais esta quinta-feira divulgados.

Os procuradores pediram ao juiz que agendasse uma audiência de mudança de confissão para segunda-feira, mas nenhum outro detalhe foi disponibilizado imediatamente, noticiou a agência Associated Press (AP).

Teixeira, lusodescendente de 21 anos que era membro da Guarda Nacional, já se tinha declarado inocente em junho.

O militar de North Dighton, no Estado norte-americano de Massachusetts, Jack Teixeira está preso desde a sua detenção em abril, por suspeita de fuga de documentos secretos dos EUA e enfrenta seis acusações de "retenção intencional e transmissão de informações classificadas relacionadas com a defesa nacional".

O lusodescendente é acusado de ter distribuído num fórum de discussão da rede social Discord documentos confidenciais de Defesa, nomeadamente sobre a guerra na Ucrânia ou a espionagem de países aliados, fugas que envergonharam Washington.

Teixeira ingressou na Guarda Nacional em setembro de 2019 e estava autorizado a aceder a informações ultrassecretas desde 2021.

O Departamento de Justiça estima que Teixeira começou a guardar e partilhar os dados confidenciais em janeiro de 2022, disseminando as informações de duas formas: por escrito através daquela plataforma, ou com imagens dos documentos em que se podia ler a classificação de sigilo ou ultrassecreto.

Alguns analistas compararam o potencial impacto desta fuga de informação com aquele causado em 2013 por Edward Snowden, quando expôs o alcance dos programas de espionagem em massa que os Estados Unidos lançaram após os ataques de 11 de setembro de 2001.

As autoridades divulgaram que Teixeira foi detetado em 06 de abril, no dia em que o jornal The New York Times publicou pela primeira vez uma reportagem sobre a fuga de documentos, ao pesquisar a palavra "fuga" num sistema confidencial.

O FBI (polícia federal norte-americana) referiu que isso é motivo para acreditar que Teixeira estava a tentar encontrar informações sobre a investigação e sobre os responsáveis pela fuga de informação.

Os procuradores acusam Teixeira de ter continuado a divulgar segredos do Governo mesmo depois de ter sido alertado pelos superiores sobre o mau uso e a visualização inadequada de informações confidenciais.

As autoridades forneceram poucos detalhes sobre um alegado possível motivo, mas os relatos dos participantes do grupo de 'chat' privado 'online' onde os documentos foram divulgados retrataram Teixeira como motivado mais por atrevimento [bravado, no termo em inglês] do que por ideologia.

Os procuradores instaram o juiz a manter Teixeira preso enquanto o caso decorre, em parte por causa de um arsenal de armas encontrado na sua casa e pelo seu histórico de declarações 'online' perturbadoras, que incluíam uma publicação nas redes sociais de novembro de 2022 onde referia que, se conseguisse, gostaria de matar uma "tonelada de pessoas" porque estaria "a selecionar os de mente fraca".

A defesa do lusodescendente pediu a saída em liberdade, apontando para a libertação prejulgamento do antigo Presidente Donald Trump e de outros em casos de documentos confidenciais altamente secretos.

A juíza distrital dos EUA, Indira Talwani, negou no ano passado o pedido de libertação, destacando que "nenhum conjunto de condições de libertação garantiria razoavelmente a segurança da comunidade ou impediria a destruição de provas".

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