O Presidente da República lamenta profundamente a morte do fadista Carlos do Carmo, que considera ser uma grande perda para a cultura portuguesa e para o país. Além do artista, Marcelo Rebelo de Sousa valoriza a personagem humanista e solidária. Um defensor de causas políticas e sociais.

Em declarações à Renascença, Marcelo Rebelo de Sousa considera que Carlos do Carmo era uma voz de Portugal e do povo, e o embaixador da música e do fado como Património Imaterial da Humanidade.

“Ele era uma voz de Portugal, porque ele não foi apenas um grande fadista, não foi apenas uma grande figura da música e da cultura portuguesa. Marcou gerações consecutivas antes do 25 de Abril, na transição para a democracia e ao longo de décadas de democracia, mas também foi o rosto de uma campanha nacional que permitiu que o fado fosse considerado Património Imaterial da Humanidade.”

O artista morreu esta sexta-feira, no primeiro dia de 2021, aos 81 anos. O cantor tinha dado entrada ontem no Hospital Santa Maria com um aneurisma.

O Presidente da República recorda Carlos do Carmo como alguém foi “para além do mero intérprete, do criador, para além do descobridor de poemas e de poetas, para além do intuitivo, da voz do povo em tantas ocasiões”.

“Ele foi essencial no triunfo de todo um país que tem que adore o fado e tem quem não perceba tanto o fado, mas que se identifica em termos internacionais e passou a identificar-se muito com o fado Património Imaterial da Humanidade”.

Na hora da morte de uma das figuras da música portuguesa das últimas décadas, o Presidente da República quis ainda salientar que "por detrás de uma grande figura da cultura, havia um grande homem, uma grande pessoa", “que nunca envelheceu”.

“Tudo isso fez a riqueza da sua vida, a que se junta a riqueza da sua pessoa, na sua sensibilidade, na sua capacidade, tenacidade na promoção dos mais jovens, na abertura permanente a novos estilos, géneros, a novas interpretações.”

“E isso ligou-o muito ao povo e fê-lo percorrer muitas gerações, não ficou datado. Por isso, sentimos neste primeiro dia do ano um sinal de homenagem e pesar por alguém que foi uma voz de esperança. Nunca envelheceu e até ao fim quis manter a crença de que nunca teria um último espetáculo. Mesmo quando foi o seu último concerto todos nós ficamos a esperar mais um concerto do Carlos do Carmo”, afirma o Presidente em declarações à Renascença.

Marcelo recorda ainda a proximidade que tinha com a família de Carlos do Carmo, que começou entre as mães de ambos. Marcelo descreve-o como "um homem de esquerda, lutador por causas políticas, sociais".

O fadista Carlos do Carmo morreu esta sexta-feira, no primeiro dia de 2021, aos 81 anos. O cantor tinha dado entrada ontem no Hospital Santa Maria com um aneurisma.

Foi o primeiro artista português a conquistar um Grammy. Carlos do Carmo foi galardoado com o Grammy Latino de Carreira, em 2014.

O seu percurso passou pelos principais palcos mundiais, do Olympia, em Paris, à Ópera de Frankfurt, do 'Canecão', no Rio de Janeiro, ao Royal Albert Hall, em Londres.

O fadista celebrizou canções como "Bairro Alto", "Fado Penélope", "Os Putos", "Um Homem na Cidade", "Uma Flor de Verde Pinho", "Canoas do Tejo", "Lisboa, Menina e Moça".

O Governo decretou um Dia de Luto Nacional pela morte do cantor Carlos do Carmo. A homenagem está agendada para a próxima segunda-feira, 4 de janeiro, anuncia o gabinete do primeiro-ministro, António Costa.

[notícia atualizada às 13h06]