Deus é paciente e “espera por nós, sem nunca Se cansar”, disse esta terça-feira à tarde o Papa, na missa que celebrou na basílica de São Pedro.

Nesta celebração que invoca a apresentação do Menino Jesus no templo e dedicada às pessoas consagradas, Francisco partiu do exemplo do velho Simeão, cuja chama do seu coração, apesar da sua idade avançada, “se manteve sempre acesa” e nunca perdeu a esperança. Por isso, “os seus olhos viram a salvação”.

O Papa explica que “a paciência de Simeão é espelho da paciência de Deus e citou Romano Guardini para sublinhar que “a paciência é a forma como Deus responde à nossa fraqueza, para nos dar tempo de mudar”.

Francisco acrescenta que “esta é a razão da nossa esperança: Deus espera por nós, sem nunca Se cansar. Quando nos afastamos, vem procurar-nos; quando caímos por terra, levanta-nos; quando regressamos a Ele depois de vaguear perdidos, espera-nos de braços abertos. O seu amor não se mede com os pesos dos nossos cálculos humanos, mas sempre nos infunde a coragem de recomeçar."

Que é a paciência?

Francisco sabe como é difícil “ser paciente”. E, nesta homilia, explica que a paciência “não é simples tolerância das dificuldades nem suportação fatalista das adversidades” e também “não é sinal de fraqueza”, bem pelo contrário. Para o Papa, a paciência é sinal de fortaleza de ânimo que nos torna “capazes de suportar a carga dos problemas pessoais e comunitários” e nos leva a "acolher a diversidade do outro”, a “perseverar no bem, mesmo quando tudo parece inútil” e nos impele “a caminhar, mesmo quando nos assaltam o tédio e a preguiça”.

Especificamente aos religiosos e consagrados presentes na celebração, o Santo Padre, também ele religioso jesuíta, identificou “três «lugares» onde se concretiza a paciência.

“O primeiro é a nossa vida pessoal”, onde “devemos ter paciência connosco e esperar, confiantes, os tempos e as modalidades de Deus, porque Ele é fiel às suas promessas.”

O segundo lugar onde se concretiza a paciência é “a vida comunitária”, que “requer paciência mútua”, para “suportar e carregar aos próprios ombros a vida do irmão ou da irmã, incluindo as suas fraquezas e defeitos”. O Papa sublinha que “o Senhor não nos chama para ser solistas (e hoje há tantos na Igreja…), mas para fazer parte dum coro, que às vezes desafina, mas sempre deve tentar cantar em conjunto.”

Em terceiro lugar vem a “paciência com o mundo”. Como Francisco não gosta de lamentações, defende que é preciso muita paciência para não acabarmos prisioneiros de lamentações, como por exemplo, “«o mundo já não nos escuta», «já não temos vocações», «temos de fechar a loja», ou «vivemos tempos difíceis»... “ E conclui, em jeito de desabafo: “Às vezes acontece que, à paciência com que Deus trabalha o terreno da história e do nosso coração, opomos a impaciência de quem julga tudo imediatamente. E assim perdemos a esperança, que é a virtude mais pequena e a mais bela.”