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Assunção Cristas não nega: a semana passada correu-lhe mal. “Certamente”, confirma em entrevista à Renascença, que esta semana entrevista os líderes dos partidos candidatos às eleições europeias de 26 de maio.

Durante a semana que passou, o eurodeputado Nuno Melo afirmou que o partido Vox não era de extrema-direita, teve a polémica das passadeiras arco-íris em Lisboa e ainda a votação da reposição do tempo de carreira dos professores que quase levou à demissão do Governo.

Perante tudo isto, Assunção Cristas diz ter aprendido uma lição: “Há muito trabalho a fazer para aprender a comunicar”.

E admite: “Só tenho uma ponta de inveja do Partido Socialista, porque, de facto, tem uma máquina de propaganda e de comunicação imensa. Conseguem transformar uma mentira e absoluta mentira numa verdade de que toda a gente acaba por ficar convencida”, conclui.

Sobre a questão dos professores, a líder do CDS garante que não existe qualquer recuo.

“A nossa posição foi sempre a mesma, nunca mudou no último ano e meio. Nós sempre dissemos isso aos professores”, isto é, sem a salvaguarda financeira, o CDS votará contra a lei que permite a recuperação total do tempo de serviço dos professores.

“A salvaguarda é imprescindível e isso ficou claro na nossa votação, acho é que não ficou claro no nosso discurso”, afirma Assunção Cristas, acrescentando: “Nunca houve nem haverá um compromisso firme com um calendário final, porque entendemos que o crescimento económico é um pressuposto e a estabilidade financeira é um limite. E não aceitamos andar para a frente e para trás e dizer aos professores aquilo que não podemos dizer”.

Nesta entrevista no programa As Três da Manhã, a líder do CDS repetiu a intenção de ser recebida pelo Presidente da República e revela que já falou com Rui Rio sobre a polémica em torno do acordo assinado sobre os professores.

“O pedido de audiência mantém-se, se o senhor Presidente da República entender ouvir os partidos”, afirmou.

Quanto à inclusão os nove anos dos professores no programa eleitoral das próximas legislativas (outubro), como promete o PSD, Assunção Cristas diz que “estará no programa eleitoral do CDS olhar para todas as condições, rever as condições de uma carreira que precisa de ser vista e revista há muito tempo”.

“Aqui estamos a falar também de reforma do Estado. Tínhamos aqui uma oportunidade para começar este trabalho. Certamente que teremos questões relacionadas com a revisão da carreira dos professores, com as avaliações, com as aposentações e isso andará a par e passo com a possibilidade de ir recuperando algum tempo”, adianta.

Afinal, o Vox deve ou não integrar o PPE?

Assunção Cristas levanta-se para defender Nuno Melo e esclarecer que o eurodeputado do CDS não afirmou, ao contrário do que se tem dito, que o partido espanhol Vox pode integrar a família do Partido Popular Europeu (PPE).

“Nuno Melo não disse isso. Nuno Melo disse que o Vox poderia pedir a adesão, o que não significa que o PPE a venha a dar e eu creio que não a deve dar”, destacou.

“Na perspectiva do CDS, não faz sentido um partido como o Vox estar no PPE. O CDS foi o primeiro partido do nosso espectro eleitoral que está no PPE – que é PSD e CDS – a manifestar-se contra o Fidesz, da Hungria, e a iniciar um processo com vista à suspensão ou expulsão mesmo”, recorda ainda a líder centrista, sublinhando que o partido tem “as ideias bem claras” sabe “muito bem onde está: na direita democrática, respeitadora dos valores e do humanismo”.

CDS quer “dobrar a representação”

Nuno Melo é o único eurodeputado do CDS. Foi eleito há cinco anos, em lista conjunta com o PSD. Nas eleições deste ano para o Parlamento Europeu, o CDS estabeleceu “como objetivo mínimo dobrar a representação, ou seja, passar para dois eurodeputados”.

“E vamos trabalhar no máximo que pudermos na convicção de que somos a voz e queremos ser a voz de Portugal na Europa”, acrescenta a líder do partido.

“O PS diz que quer ser a voz da Europa em Portugal, nós queremos ser a voz de Portugal e dos portugueses na Europa, na defesa daquilo que é importante para Portugal”, sublinha, concretizando: “tem a ver com o posicionamento em relação aos fundos comunitários e questões tão importantes quanto a União Bancária e a União Energética que, parecendo que não, têm impacto direto na vida dos portugueses, porque nos permitem ter o tal crescimento económico”.

Nesta entrevista à Renascença no âmbito das eleições europeias do próximo dia 26, Assunção Cristas diz que o que mais a preocupa na Europa é que “a União Europeia não consiga, junto de todos os países e junto de todas as pessoas mostrar aquilo que é, o que foi e o que pode vir a ser”.

“Preocupa que a União Europeia não seja capaz de mostrar um projeto estabilizador, um projeto de crescimento, de esperança, muito motivador para as pessoas e povos europeus e haja uma certa sensação de que a Europa já era, que há outras partes do mundo a crescer, dinâmicas, vivas, enérgicas e que nós não estamos a conseguir estar na linha da frente desse ritmo”, resume.

Assunção Cristas foi a primeira líder partidária a ser entrevistada no âmbito das europeias. Seguem-se Jerónimo de Sousa, Catarina Martins, Rui Rio e António Costa.