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O Governo decidiu esta quinta-feira manter a cerca sanitária às duas freguesias de Odemira que estão com surtos maiores de Covid-19, abrindo, contudo, a possibilidade de abrir exceções para o acesso ao trabalho e para casos excecionais e de urgência, disse esta quinta-feira Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência, na conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Ministros.

As freguesias de São Teotónio e Longueira-Almograve continuam assim com as regras da primeira fase de desconfinamento, sendo proibida a circulação para fora do concelho, com as exceções acima mencionadas.

O surto de Covid-19 tem-se feito sentir sobretudo entre a comunidade de trabalhadores agrícolas imigrantes, muitos dos quais viviam em condições consideradas degradantes, segundo disse António Costa, na conferência de imprensa da semana passada.

A solução encontrada pelo Governo para esta situação foi de realojar alguns dos imigrantes que testaram negativo para a Covid e precisam agora de cumprir quarentena, no Zmar, um complexo turístico em Odemira.

A decisão foi polémica e tem sido contestada por proprietários e trabalhadores do complexo.

O primeiro grupo chegou à Zmar e à pousada de juventude na madrugada desta quinta-feira, cerca das 4h00. A ministra da Presidência rejeitou, contudo, que tal se devesse à tentativa de evitar manifestações, dizendo que só foi possível fazê-lo a essa hora.

“Temos feito ações de fiscalização, que só podem ocorrer quando as pessoas estão em casa, porque fora dessas horas é difícil ver se existe sobrelotação. Depois é preciso um longo processo de diálogo, que envolve tradução. Nesta madrugada só foi possível concluir àquela hora. Não é a hora que queríamos, mas tendo em conta a situação foi a hora possível”, disse Mariana Vieira da Silva.

Questionada sobre se a solução do realojamento seria para manter depois do levantamento da cerca sanitária, a ministra evitou comprometer-se, dizendo que a prioridade agora é combater a pandemia, mas que as condições em que estavam alojados muitos dos imigrantes não pode continuar a longo prazo.

Por sua vez, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, disse que se tentou encontrar soluções de alojamento para quem não tinha condições de habitação aceitáveis para assegurar condições de isolamento. O ministro sublinhou que há antecedentes e que ao longo da pandemia foi-se trabalhando com vários empreendimentos turísticos, nalguns casos gratuitamente, noutros por acordo de remuneração por parte do estado, quer para alojar pessoas em risco, quer para a recuperação de infetados assintomáticos ou até para alojar profissionais de saúde.

"Uma vez que muitas destas pessoas têm dificuldad em assegurar condiçoes de isolamento, identificámos um conjunto de instalações, incluindo a pousada de juventude mas também o parque de campismo Zmar", disse Pedro Siza Vieira.

"Sugerimos a utilização de alguns dos bungalows no parque de campismo, mas não foi possível entender o valor pelo qual estariam disponíveis para ceder, por isso recorremos à requisição civil. Estamos disponíveis para negociar uma diária", disse ainda.

O ministro disse ainda que "o Estado ainda não foi notificado" da providência cautelar interposta por proprietários, "mas responderá e cumprirá com as decisões do tribunal".

[Notícia atualizada às 17h42]