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Em dezembro, pelo Natal, os níveis de congestionamento do trânsito eram quase idênticos aos de pré-pandemia. A base para esta conclusão são os índices da aplicação Tom Tom, de localização por GPS, tomando por base a circulação em cinco cidades portuguesas: Lisboa, Porto, Braga, Coimbra e Funchal.

Com a ajuda do geógrafo José Rio Fernandes, professor na Universidade do Porto, a Renascença tentou perceber, partindo deste índice, os diversos níveis de confinamento ao longo da pandemia.

O primeiro dado essencial, é mesmo este: em dezembro, o grau de congestionamento nestas cidades era muito semelhante ao de janeiro do ano passado, quando Portugal ainda não tinha sido atingido pela Covid-19.

“O congestionamento de trânsito era, claramente, maior em janeiro de 2020, com valores quase iguais aos de dezembro de 2020. Podemos dizer, portanto, que em dezembro os níveis foram quase normais, foram quase idênticos aos pré-pandemia, nomeadamente por alturas do Natal”, explica José Rio Fernandes.

Nesses dias, explica este especialista em mobilidade, o trânsito no Porto, por exemplo, “foi muito idêntico àquele que se verificava em janeiro de 2020”, o que ajudará a explicar a explosão de casos Covid-19.

“Penso que sim, que em dezembro as pessoas admitiram uma quase normalidade quando, de facto, já estávamos com um nível de infeções bastante elevado. Houve quase a adoção de uma situação de normalidade quando, de facto, não estávamos em normalidade”, afirma o catedrático.

“Em abril de 2020, as pessoas ficaram mais em casa, do que agora”, mesmo depois do encerramento das escolas, há uma semana.

“Este índice demonstra que, em média, de janeiro para abril de 2020 diminuiu a congestão automóvel. Em abril atingiram-se, de facto, números muito baixos. Mostra que as pessoas ficaram em casa. Portanto respeitaram, tiveram medo. Estavam em casa, em abril”.

Mas terão ficado mais em casa, nessa altura, do que agora? “Sim. Nesta última semana tivemos valores relativamente próximos daqueles que se verificaram em abril, mas, ainda assim, um pouco maiores. Verifica-se um congestionamento relativamente superior àquele que existia em abril de 2020”.

Ou seja, admite José Rio Fernandes: o confinamento está, agora, a ser cumprido, mas não tanto ou, pelo menos, com mais exceções. “Havia mais pessoas a circularem na última semana do que na média de abril”.


Lisboa com o índice de congestionamento mais baixo

"Curiosamente, o índice de congestionamento é agora mais baixo em Lisboa, comparando com as outras”, nomeadamente Porto, Coimbra, Braga e Funchal, explica o professor na Universidade do Porto.

"É muito interessante verificar que, ao longo de 2020, existiu uma grande diferença entre Lisboa e Porto, por comparação com as demais. Ou seja: Em Lisboa e Porto houve muito mais congestionamento relativamente ao Funchal, a Coimbra e a Braga.”

“Por exemplo: Em abril, no Funchal, a taxa de congestionamento foi zero, enquanto que agora, nesta última semana de janeiro (2021), a taxa é praticamente idêntica em todas as cidades. E, curiosamente, o grau de congestionamentos é mais baixo em Lisboa do que nas outras. Na última semana, entre os dias 21 e 27, foi mais baixo em Lisboa do que nas demais cidades do país. Foi, inclusivamente, mais baico do que do que no Funchal, que tinha tido zero em abril de 2020.