PORTUGAL
Segunda morte em Portugal, Marcelo decreta emergência nacional e Centeno injeta milhões na economia
- Marcelo Rebelo de Sousa reuniu o Conselho de Estado, o Governo acatou e deu parecer favorável à decisão do Presidente, o parlamento aprovou-a em seguida e Portugal viu ser decretado o estado de emergência face à pandemia do novo coronavírus. À nação, o Presidente garantiu (leia aqui o discurso na íntegra) que uma situação “excecional” exigia uma medida excecional. No entanto, adverte: apesar de o estado de emergência não ser a “interrupção da democracia”, também não pode ser tido como uma “vacina” ou uma “solução milagrosa” para vencer uma guerra, diz, que ainda vai “durar mais tempo”. Antes, o primeiro-ministro António Costa explicou que, apesar de estar sob estado de emergência, “o país não vai parar”, desde logo no que são os serviços essenciais. E explicou: “Para salvar vidas é fundamental que a vida continue. Só continuando poderemos combater eficazmente esta pandemia”. Mas, afinal, o que é – e o que vem implicar – o estado de emergência, que vem suspender alguns direitos e garantias dos cidadãos, como a liberdade de deslocação ou de manifestação, mantendo os direitos essenciais, como o direito à vida, a liberdade religiosa ou a liberdade de informação? A Marina Pimentel explica-lhe tudo aqui. E o que é que acontece a cidadãos, trabalhadores e empresas, agora que a economia está nas mãos do Governo? A Eunice Lourenço responde.
- Antes mesmo de ser decretado o estado de emergência, Portugal registou a segunda morte de um paciente infetado pelo novo coronavírus. O presidente do Conselho de Administração do banco Santander Totta, António Vieira Monteiro, morreu hoje em Lisboa, aos 73 anos. O João Carlos Malta traçou-lhe o perfil de Vieira Monteiro, o homem que não gostava de “amadorismos” e que fez do Santander um dos grandes da banca nacional. Já quanto ao número de infetados, a Direção-Geral da Saúde anunciou que são já 642, mais 194 do que os contabilizados na terça-feira. O Alentejo teve os dois primeiros casos confirmados, tratando-se, segundo a Autoridade Regional de Saúde, de pessoas que contraíram a infeção fora da região. Nem tudo são, contudo, notícias más: a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, destacou hoje que a maioria dos 642 infetados pelo novo coronavírus está em casa e que só 89 pessoas continuam internadas.
- Na economia, e num dia em que o ministro das Finanças afirmou que coronavírus "está a levar a economia a tempos de guerra" – o que vem abrir a porta a um Orçamento do Estado retificativo durante 2020 –, o Governo anunciou hoje um conjunto de linhas de crédito para apoio à tesouraria das empresas no montante total de 3.000 milhões de euros. Será suficiente para impedir que trabalhadores precários e a recibos verdes continuem a ser, como estão já a ser, dispensados?
- Em Lisboa, a Câmara Municipal tem já montada uma rede, que envolve refeitórios escolares e refeitórios da Santa Casa da Misericórdia em diversas freguesias, para levar refeições, por exemplo, à casa de idosos, evitando que estes se desloquem à rua. “É absolutamente essencial que os mais velhos fiquem em casa e se protejam mais do que todos os outros”, explicou Fernando Medina.
- Mas houve também uma polémica a marcar o dia. Uma polémica que não terá passado disso mesmo. De manhã, vários portugueses a residir em Macau denunciaram que as remessas solidárias de máscaras que enviaram para Portugal esbarraram na alfândega portuguesa. Não tardaria a que a Autoridade Tributária e Aduaneira desmentisse a situação, garantindo que “as máscaras que têm chegado têm sido rapidamente desalfandegadas”.
- A terminar, um alerta da PJ: tenha particular cuidado durante a pandemia do novo coronavírus com o que recebe no seu telemóvel, no e-mail ou nas redes sociais. As autoridades já detetaram vários esquemas fraudulentos (a coberto da imagem de entidades oficiais como a Organização Mundial de Saúde, a UNICEF ou centros de investigação e laboratórios do setor da saúde) que o que pretendem não é mais do que recolher donativos para falsas campanhas ou roubar-lhes dados pessoais.
MUNDO
Número recorde de mortes em Itália, OMS diz que coronavírus é “inimigo da Humanidade” e China envia dois milhões de máscaras à Europa
- Itália é o novo epicentro da pandemia de Covid-19. E o número de mortes e de infetados tarde em abrandar. Aliás, sobe mais e mais a cada dia que passa. Só hoje o país registou 475 mortes (e 4.207 novos casos), o pior balanço registado num único país e num único dia. Ao todo, 2.978 pessoas já morreram devido a esta doença (um balanço muito próximo, por exemplo, do registado na China) e há 31.506 casos de infeção. O novo coronavírus já infetou 194 mil pessoas em 150 países e territórios desde dezembro, estando agora o número de mortes em 7.873.
- No Reino Unido, as medidas de controlo da pandemia tardaram. Talvez demasiado. Os resultados, esses, começaram agora a fazer-se sentir: hoje, o número de mortes causadas pela pandemia de Covid-19 ultrapassou a centena e há 2.626 casos positivos de infeção. Em reação, o executivo de Boris Johnson (o primeiro-ministro britânico também não descartou novas e “importantes” medidas, sobretudo para fazer cumprir o distanciamento social, para breve) mandou encerrar todas as escolas a partir de sexta-feira.
- Na Alemanha, o Instituto Robert Koch (um centro governamental de investigação, controlo e prevenção de doenças) deixou hoje um alerta: se as medidas adotadas pelo Governo e pelos poderes regionais na Alemanha contra o coronavírus não forem executadas, “em dois ou três meses poderá haver 10 milhões de infetados no país”. Por agora, o número de mortes na Alemanha permanece em 12. Mas, ainda assim, o Governo de Angela Merkel (a chanceler diz que o coronavírus é o maior desafio ao país desde a Segunda Guerra Mundial) resolveu já fechar parcialmente a vida pública alemã – embora lojas de alimentos, farmácias, bancos e outros estabelecimentos considerados essenciais se mantenham abertos.
- No dia em que o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde classificou o novo coronavírus como um “inimigo da Humanidade”, um estudo divulgado na terça-feira na revista científica The New England Journal of Medicine veio alertar-nos que este vírus pode permanecer até 72 horas em superfícies como plástico e aço inoxidável.
- Na economia, Organização Internacional do Trabalho estimou hoje que a pandemia de Covid-19 pode levar a uma perda de 25 milhões de empregos a nível mundial. O impacto pode, no entanto, ser significativamente mais baixo se for adotada uma resposta coordenada à escala internacional, "como aconteceu durante a crise financeira mundial de 2008/2009", afirmou esta agência da ONU, pedindo mais medidas de apoio à economia e ao emprego. Enquanto isso, os todo-poderosos da economia continuam a suspender a produção, justificando a decisão com a “segurança dos colaboradores”. É o caso da Toyota, que havia resolvido parar a produção na fábrica de Ovar, em Portigal, e hoje anunciou igual paragem nas suas fábrica em França, Reino Unido, Polónia, República Checa e Turquia.
- A Eurovisão, que iria decorrer em maio, em Roterdão, nos Países Baixos, foi cancelada. A organização, a cargo da União Europeia de Radiodifusão, refere que, ao longo das últimas semanas, foram “exploradas várias opções alternativas que permitissem que o concurso fosse por diante”, mas a “incerteza gerada pela transmissão da doença Covid-19 pela Europa – e as restrições postas em prática pelos governos dos participantes e pelas autoridades holandesas – fez com que fosse tomada a difícil decisão de que é impossível continuar com o evento ao vivo como planeado”.
- A terminar, uma boa notícia: a China (que registou hoje 11 mortos e 13 novos casos infeção, quase todos importados) vai enviar dois milhões de máscaras cirúrgicas e 50 mil testes de diagnóstico para a União Europeia devido ao surto de Covid-19. Há dois meses foi Bruxelas a enviar 50 toneladas de equipamentos médicos a Pequim.