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Tiago Palma


“A Invenção do Amor”, de Daniel Filipe: foi neste brevíssimo livro, um dos primeiros que me foi oferecido e logo avidamente folheei, que me fiz leitor – ainda um catraio, pespineta mas curioso. Nunca conheci o Daniel Filipe. Sei dele que morreu demasiado cedo – e passou-se uma vida inteira desde a sua morte e o meu nascimento –, que foi um resistente anti-fascista e tinha-o a PIDE como sendo um “perigoso agitador”, que David Mourão-Ferreira o convidou a “sentar-se” à volta da Távola Redonda com Cinatti ou Couto Viana; e é tudo quando necessitarei saber. Nunca lho pude dizer, mas a poesia do Daniel, tão pormenorizada, crua e real, intimamente real, foi o que primeiro li (ainda que não o seja) em reportagem. O arrebatamento final ao jornalismo foi “culpa” do Ryszard Kapuściński, da Martha Gellhorn ou do Hunter S. Thompson. Mas a culpar, culpem-se igualmente duas vozes, na TV e na rádio: as de Morley Safer e Fernando Alves. Vou procurar honrá-los no ofício.

“A Invenção do Amor”, de Daniel Filipe: foi neste brevíssimo livro, um dos primeiros que me foi oferecido e logo avidamente folheei, que me fiz leitor – ainda um catraio, pespineta mas curioso. Nunca conheci o Daniel Filipe. Sei dele que morreu demasiado cedo – e passou-se uma vida inteira desde a sua morte e o meu nascimento –, que foi um resistente anti-fascista e tinha-o a PIDE como sendo um “perigoso agitador”, que David Mourão-Ferreira o convidou a “sentar-se” à volta da Távola Redonda com Cinatti ou Couto Viana; e é tudo quando necessitarei saber.

Nunca lho pude dizer, mas a poesia do Daniel, tão pormenorizada, crua e real, intimamente real, foi o que primeiro li (ainda que não o seja) em reportagem.

O arrebatamento final ao jornalismo foi “culpa” do Ryszard Kapuściński, da Martha Gellhorn ou do Hunter S. Thompson. Mas a culpar, culpem-se igualmente duas vozes, na TV e na rádio: as de Morley Safer e Fernando Alves. Vou procurar honrá-los no ofício.