João Paulino é o principal arguido deste processo de Tancos em plena fase de instrução. Foi este militar, segundo a acusação do Ministério Publico, que liderou o assalto aos paióis de Tancos e depois negociou a sua entrega.

No requerimento de abertura de instrução, a que a Renascença teve acesso, a defesa aponta “ilegalidades na investigação”.

O ex-fuzileiro esteve em silêncio durante o interrogatório, mas agora deverá explicar o seu papel tanto no furto como na operação de recuperação que envolve a Polícia Judiciária Militar.

A acusação imputa-lhe crimes de associação criminosa, tráfico e mediação de armas e de terrorismo. Crimes que segundo o requerimento de abertura de instrução,” não têm fundamento” porque lê-se no documento, “a verdade dos factos é bem outra”.

Fica evidente, que a investigação dos crimes é o principal alvo da defesa do alegado cabecilha do furto de Tancos.

No requerimento, o advogado de João Paulino pede que o diretor da Polícia Judiciária informe se “foi levada a cabo uma ação encoberta”. Um pedido que se justifica com a necessidade do arguido “aceder e conhecer o conteúdo das promoções do MP e despachos judiciais que autorizaram e/ou controlaram o evoluir da ação encoberta, pois só assim poderão sindicar a legalidade deste meio de prova”.

Escreve o defensor de Paulino que “o arguido agiu de boa fé” e que “as autoridades de polícia criminal criaram espectativas legitimas ao prometerem ao arguido que não seria responsabilizado criminalmente”.

Quanto ao crime de terrorismo de que é acusado Paulino, o advogado Melo Alves declara não ter fundamento, isto porque, a acusação baseia-se em “depoimentos duplamente indiretos”. Nesta matéria a defesa refere-se às declarações de Paulo Lemos, conhecido por Fechaduras e naquilo que este diz sobre “um amigo que tinha conhecido que pertenceu à ETA”.

O caso do furto das armas em Tancos foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017. Isto numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

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