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O ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, apresentou esta sexta-feira ao primeiro-ministro, António Costa, a sua demissão do Governo.

Fonte do gabinete do ministro confirmou à agência Lusa que o pedido de demissão já foi aceite pelo primeiro-ministro.

Numa carta enviada a António Costa, Azeredo Lopes explica que se demitiu para evitar que as Forças Armadas sejam "desgastadas pelo ataque político" e pelas "acusações" de que disse estar a ser alvo por causa do processo de Tancos.

"Não podia, e digo-o de forma sentida, deixar que, no que de mim dependesse, as mesmas Forças Armadas fossem desgastadas pelo ataque político ao ministro que as tutela", referiu Azeredo Lopes.

A Presidência da República "aceitou a proposta de exoneração e aguarda a proposta de nomeação do sucessor", refere uma nota de Belém.

"O Primeiro-Ministro informou esta tarde o Presidente da República do pedido de demissão do Ministro da Defesa Nacional, propondo a sua exoneração, nos termos do Art.º 133.º, h) da Constituição, mais tendo acrescentado que oportunamente proporia o nome de um substituto", adianta o gabinente de Marcelo Rebelo de Sousa.

Na base do pedido de demissão estão os desenvolvimentos do processo de investigação judicial ao furto e recuperação das armas furtadas nos paiós de Tancos.

Azeredo Lopes deixa o Governo depois de um ano marcado pela polémica de Tancos e de uma operação de encobrimento, alegadamente envolvendo elementos da Polícia Judiciária Militar (PJM) e da GNR.

Um dos arguidos, o major Vasco Brazão, ex-porta-voz da PJM, disse em interrogatório judicial que entregou um memorando sobre o encobrimento ao chefe de gabinete do ministro, envolvendo Azeredo Lopes no caso.

Ao longo dos meses, primeiro-ministro, António Costa, segurou o seu ministro da Defesa. Recentemente, afirmou num debate no Parlamento que Azeredo Lopes não pode estar à porta de cada paiol militar a guardar as armas.

A atuação do ministro demissionário no caso de Tancos tem vindo a ser criticada, desde logo quando declarou que, "no limite, poderia não ter acontecido qualquer furto de armas em Tancos.

Numa primeira reação à saída do ministro da Defesa, a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, afirmou que "uma demissão não é a única resposta que precisamos neste caso". Ainda há muitas muitas perguntas sem resposta sobre o furto de Tancos "é preciso que tudo seja esclarecido".

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