Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e pela Mid Sweden University chegou a números de violência contra os idosos preocupantes em Portugal. O retrato não é positivo: Portugal ocupa o lugar de destaque na violência contra os idosos, sobretudo, no que diz respeito à violência financeira.

O trabalho avaliou o impacto da violência na qualidade de vida de quase cinco mil idosos em sete países europeus - Alemanha, Grécia, Itália, Lituânia, Espanha, Suécia e Portugal.

“Portugal, em geral, tem os níveis mais altos de violência, seja psicológica, física, sexual e, sobretudo financeira. Portugal tem quase 50% dos relatos de violência financeira entre os sete países participantes. Pode ser a família que exige dinheiro ou usa o dinheiro da pessoa idosa sem autorização”, avança um dos autores do estudo, Joaquim Soares,

Os resultados mostram que quase metade dos participantes (45,5%) refere ter tido pelo menos uma experiência de violência durante a vida adulta. A agressão psicológica é a mais comum (34,5%), seguida da violência financeira (18,5%), física (11,5%) e sexual (5%).

Para o investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto as causas que explicam o fenómeno são a nova estrutura familiar, a crise económica e uma maior abertura por parte dos idosos para falar sobre o tema.

“A organização da família modificou-se muito. Antigamente as pessoas idosas viviam mais com a família, havia uma protecção que já não existe. A crise económica também afectou essa violência. Pode ser que também haja hoje uma consciência maior por parte das pessoas idosas que falam destas situações mais abertamente do que antes.”, explica o investigador.

Joaquim Soares defende que a informação é um factor muito importante para reverter a situação e sugere a criação de uma linha telefónica de apoio para a violência contra idosos.

"Devíamos fazer um programa de informação contra a violência sobre os idosos. É muito importante fazer esse tipo de informação ao nível nacional, mas também ao nível local. Seria também interessante desenvolver um sistema de apoio por telefone como existe para as vítimas de violência doméstica”, remata.