José Sócrates afirma que o Ministério Público não apresentou provas contra si. O antigo primeiro-ministro falava aos jornalistas depois de um interrogatório de seis horas e meia.

"Julguei que esta era a última oportunidade para o Ministério Público apresentar elementos de facto que pudessem sustentar as suas alegações. Fiquei espantadíssimo, porque o Ministério Público não conseguiu apresentar nada. A não ser uma escuta aqui, uma escuta ali, como se isso pudesse servir de base a qualquer investigação", declarou José Sócrates, depois de ter sido ouvido no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), em Lisboa, no âmbito da Operação Marquês.

Nestas declarações aos jornalistas já depois das 21h00, José Sócrates mostrou-se "espantado" por, ao fim de três anos e meio, a investigação estar neste ponto e não haver nada de novo, além do que tem sido noticiado.

"Fiquei a perceber que os responsáveis por este processo acham que podem conduzir uma investigação penal através dos meios de comunicação social, informando-me previamente através dos jornalistas do que suspeitam, mas quanto às suspeitas e a essas teorias gerais, são absurdas, injustas", declarou.

Em relação à sua influência na Portugal Telecom, o antigo primeiro-ministro entende "as alegações são tão absurdas, para não dizer estapafúrdias, que não têm o mínimo de sustentabilidade”.

"A alegação de que o Governo teria influenciado para que a OPA da Sonae não tivesse sucesso é completamente absurda", afirmou Sócrates, que reafirmou que o executivo foi sempre neutral.

"Disse várias vezes ao senhor procurador: importa-se de explicar, de fundamentar, aquilo que afirma. Como é que o procurador pode fazer afirmações, atribuir responsabilidades, fazer um ataque político desta envergadura a um anterior Governo sem fundamentar o que diz? E o senhor procurador acha que pode fazê-lo. Mas eu disse: não, não pode. A obrigação de um Ministério Público decente é fazer uma imputação que pode fundamentar, mas não podem fundamentar nem com factos, muito menos com provas", frisou.

"Três anos e meio depois, 44 meses depois eles, não têm nenhuma prova", conclui José Sócrates, que não se mostra surpreendido se a acusação for novamente adiada,

O principal arguido da "Operação Marquês" está indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.

Esta foi a terceira vez que o Ministério Público interrogou José Sócrates enquanto arguido no processo "Operação Marquês". O interrogatório surge a quatro dias do prazo anunciado para a conclusão do inquérito.

[notícia actualizada às 21h53]