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As maternidades não são alvos militares, mas esta quinta-feira, os hospitais materno-infantis de Kharkiv e Zhytomyr estiveram debaixo de intensos bombardeamentos. E ontem, soube-se através do Fundo das Nações Unidas para a População, três pessoas morreram no ataque ao hospital pediátrico de Mariupol.

Mas porquê uma maternidade? “Extremistas ucranianos”. A justificação foi dada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, após o encontro com o seu homólogo ucraniano em Antalya, na Turquia.

O chefe da diplomacia de Moscovo referiu que a maternidade de Mariupol “foi tomada há muito tempo pelo batalhão de Azov e outros radicais".

A afirmação foi proferida antes, ainda, de o porta-voz do ministério da Defesa de Moscovo ter alegado que o ataque ao hospital pediátrico de Mariupol teria sido, afinal, uma “provocação encenada” pela Ucrânia.


Seja como for, a cimeira diplomática de Antalya terminou sem avanços visíveis no sentido de uma trégua.

Se a paz falhou no encontro mediado pelos turcos, Dmitro Kuleba responsabiliza Lavrov por ter-se mostrado “mais disponível para conversar do que para decidir”, sem prejuízo de fazer chegar ao Presidente Putin as revindicações do lado de Kiev.

Cessar-fogo em Mariupol. Kiev lamenta ausência de decisão por parte da diplomacia russa

Em causa está o pedido do Governo da Ucrânia para que seja decretado um cessar-fogo de 24 horas para permitir a abertura de um corredor humanitário em Mariupol, a cidade portuária do sul da Ucrânia onde a situação dos cerca de 400 mil civis é mais dramática.

“Infelizmente, o ministro Lavrov não estava em condições de se comprometer com isso”, lamentou o MNE ucraniano. “Há outros decisores para este assunto na Rússia”, rematou.

Já Serguei Lavrov continua a negar que a ação russa na Ucrânia seja um ataque ou uma invasão e deixou a garantia de que não há planos para intervir militarmente noutros países.

“Avisámos que estávamos numa situação que constituía um risco para a segurança da Rússia, mas ninguém nos deu atenção”, disse o MNE russo, ao mesmo tempo que lamentou o que classificou como “russofobia” nos media ocidentais, patrocinada e orientada pelos Estados Unidos.

E há um dado que pode marcar o início de uma contagem decrescente para o final do conflito: a Ucrânia admitiu abdicar da adesão à NATO, se a ONU – Rússia incluída – garantirem a Kiev um quadro de segurança com eficácia equivalente ao da Aliança Atlântica.

Refugiados que cheguem a Portugal "são tão portugueses" como os outros

Entretanto, quem consegue sair da zona de guerra vai chegando aos países de destino e, esta quinta-feira, Portugal viu aterrar 267 refugiados ucranianos em Figo Maduro.

“São tão portugueses quanto os portugueses”, fez questão de notar o Presidente da República, que confirmou que “dentro de dias existirá uma operação idêntica”, que poderá repatriar alguns dos 200 portugueses e luso-ucranianos, que permanecem no país.

Localmente, há respostas que se preparam para quem há de chegar em fuga da guerra. O concelho de Castelo Branco está pronto para acolher, já, 130 refugiados ucranianos que podem ajudar a preencher necessidades imediatas de mão de obra em setores como a hotelaria, restauração e algumas áreas fabris.

Cáritas. "Coração imenso" não chega. Falta coordenação

Mas, à boa vontade dos portugueses para ajudar, a Cáritas deixa um aviso: não basta ter um "coração imenso", porque falta “orientação” no acolhimento aos cidadãos ucranianos. Rita Valadas não esconde a sua preocupação com o que diz ser a "descoordenação de meios" que cabe ao Governo resolver.

Todos os dias, aumenta o número de pedidos de proteção internacional que entram em Portugal. De acordo com o SEF, até hoje, o Governo português concedeu 5.213 pedidos de proteção temporária a pessoas vindas da Ucrânia.