Os Estados Unidos voltaram a acordar com protestos contra a violência policial. Não devido à morte de Daunte Wright, um jovem de 20 anos afroamericano que baleado no domingo, em Minneapolis. Desta vez foi Adam Toledo, de 13 anos, que morreu com um tiro nas costas depois de uma perseguição policial, em Chicago.

O vídeo da perseguição foi divulgado na quinta-feira pelas autoridades policiais. Nas imagens muito gráficas, é possível ver um polícia a perseguir Toledo e a mandá-lo parar. O adolescente obedece, pára, levanta os braços e o agente dispara.

Depois de disparar, o polícia chama uma ambulância e diz ao jovem: “Fica comigo”.

Adam Toledo vivia num subúrbio predominantemente latino de Chicago. A sua morte é mais um episódio que está a causar protestos contra a violência policial, especialmente contra minorias, nos Estados Unidos.

Surge enquanto Derek Chauvin está a ser julgado pelo alegado homicídio de George Floyd – cuja morte provocou protestos em todo o mundo contra a discriminação racial - e menos de uma semana desde que a agente Kimberly A. Potter foi acusada da morte de Daunte Wright, no dia 11 de abril.

O encontro fatal entre Adam Toledo e as autoridades foi no dia 29 de março, mas só agora é que foram tornadas públicas as imagens da "bodycam" que o polícia estava a usar.

As autoridades disseram que os dois agentes que confrontaram Toledo estavam a responder a denúncias de que tinha havido um tiroteio na zona. Também afirmaram que Adam estava a segurar uma arma antes do polícia o mandar parar e pousar a arma. Adam e outro jovem foram vistos em câmaras de vigilância a disparar para um alvo desconhecido, por volta das 02h30, antes das autoridades chegarem.

A advogada que está a representar a família, Adeena Weiss Ortiz, revelou uma conferência de imprensa esta manhã que o jovem “atirou a arma” e que foi obediente. “Se ele tinha uma arma, atirou-a. O polícia disse ‘mostra-me as tuas mãos’. Ele obedeceu, ele virou-se”, afirmou Ortiz.

O New York Times revela que analisou 21 vídeos das autoridades e noticia que Adam Toledo tinha as mãos vazias quando levantou os braços e se virou de frente para abordar os agentes. E nota que antes de parar, Toledo tinha uma arma atrás das costas e deixa-a cair antes de levantar os braços.

Adam Toledo era latino e frequentava a Gary Elementary School, em Chicago.

O agente que disparou foi identificado nos relatórios policiais como sendo Eric Stillman, de 34 anos. Stillman, branco, é polícia no departamento de Chicago desde agosto de 2015 depois de ter servido como militar no estrangeiro. O departamento colocou-o em serviço administrativo durante 30 dias.

Em comunicado, o departamento policial de Chicago não comentou o vídeo, considerou a morte de Toledo como trágica e garantiu que iria colaborar com departamentos de transparência policial para investigar o uso de força letal.

Já o advogado de Eric Stillman, Timothy Grace, disse que a decisão de disparar foi justificada. “O agente foi posto numa situação em que teve de tomar uma decisão numa fração de segundo”.

Ativistas contra a discriminação racial já anunciaram protestos contra a polícia de Chicago. A mayor de Chicago, Lory Lightfoot, pediu que as pessoas “têm de proceder com profunda empatia, calma e, acima de tudo, paz”. Mas a própria mayor, que é negra, ficou emocionada durante a conferência de imprensa. “Nenhuma família devia passar por ter um vídeo ser emitido globalmente dos últimos momentos do seu filho, muito menos estar na terrível situação de perder uma criança”.