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Os empresários não estão a conseguir, junto da banca, o dinheiro imprescindível à manutenção da atividade económica, denuncia Jorge Pisco, presidente da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), à Renascença.

"O acesso à linha de crédito é feito a taxas que rondam os 3%, quando os bancos estão a ir buscar dinheiro a valores negativos de -0,75%, e cada banco está a fazer conforme quer e bem lhe apetece, ao sabor do vento. O Governo deveria criar um modelo regulatório que assegurasse às instituições bancárias emprestar rapidamente e a custo zero, na medida em que o executivo dispõe de mecanismos de regulação económica para criar um quadro que permita aos empresários ter acesso às linhas de crédito em condições favoráveis para manter as empresas em atividade", diz Jorge Pisco, convidado do programa As 3 da Manhã.

Entrevistado na Renascença, a poucas horas de ser recebido em Belém por Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da CPPME denuncia o comportamento dos bancos: "Aquilo que dizem é que primeiro analisam de acordo com o banco e depois é que podem ter em conta a linha Covid. Os micro, pequenos e médios empresários merecem mais respeito por parte do poder", sublinha.

"O Governo permitiu o adiamento do pagamento da segurança social, IVA e impostos em geral, mas adiar significa que vai ter de se pagar daqui a uns meses. Como é que se vai fazer esse pagamento se, neste momento, não se está a faturar?", questiona.

Jorge Pisco faz ainda notar que "há empresas que foram para 'lay-off' sem liquidar os salários de março" e que, na prática, o Governo "não resolveu problema dos sócios-gerentes". No seu entender, o dinheiro está a ser vocacionado para as maiores empresas e confessa estar pessimista quanto aos planos do Governo para o mês de maio.

"Não sei se há luz ao fundo do túnel, porque neste momento as empresas estão a entrar em coma. Aquilo que hoje iremos transmitir ao senhor Presidente da República é a angústia de vários setores da sociedade económica portuguesa que vivem problemas terríveis que não vêem como os resolver", conclui.