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Morre o maestro lendário Seiji Ozawa

10 fev, 2024 - 00:42 • Lusa

O maestro japonês comandou a Orquestra Sinfónica de Boston durante três décadas.

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O maestro japonês Seiji Ozawa, que surpreendeu o público com a fisicalidade ágil das suas apresentações durante três décadas à frente da Orquestra Sinfónica de Boston, morreu aos 88 anos, informou esta sexta-feira a sua agência.

Segundo avança a Associated Press (AP), o maestro morreu de insuficiência cardíaca, na terça-feira, na sua casa em Tóquio, de acordo com a sua agência, Veroza Japan.

Internacionalmente aclamado, Seiji Ozawa, que tinha como imagem de marca o seu cabelo grisalho, liderou a Orquestra Sinfónica de Boston de 1973 a 2002, mais tempo do que qualquer outro maestro na história da orquestra.

De 2002 a 2010, Ozawa foi diretor musical da Ópera Estatal de Viena.

O maestro permaneceu ativo nos últimos anos, principalmente na sua terra natal, tendo sido diretor artístico e fundador do Festival Seiji Ozawa Matsumoto, um certame de música e ópera, no Japão.

Juntamente com a Orquestra Saito Kinen, da qual foi cofundador em 1984, ganhou o Grammy de melhor gravação de ópera em 2016 por "L"Enfant et Les Sortileges" (A Criança e os Feitiços), de Ravel.

Em 2022, conduziu o Festival Seiji Ozawa Matsumoto pela primeira vez em três anos para marcar o seu 30.º aniversário, naquela que acabou por ser a sua última apresentação pública.

Ozawa nasceu em 1 de setembro de 1935, filho de pais japoneses na Manchúria, China, enquanto estava sob ocupação japonesa.

Depois de a sua família ter regressado ao Japão, em 1944, Ozawa estudou música com Hideo Saito, violoncelista e maestro responsável pela popularização da música ocidental no Japão.

Ozawa chegou aos Estados Unidos pela primeira vez em 1960 e foi rapidamente aclamado pela crítica como um jovem talento brilhante.

Ele dirigiu vários conjuntos, incluindo a Orquestra de São Francisco e a Orquestra Sinfónica de Toronto, antes de iniciar funções em Boston em 1970.

Ozawa ganhou dois prémios Emmy por trabalho na televisão com a Orquestra Sinfónica de Boston, o primeiro em 1976 pela série "Evening at Symphony" e o segundo em 1994, por Realização Individual em Programação Cultural, por "Dvorak in Prague: A Celebration".

O maestro recebeu doutoramentos honorários em Música pela Universidade de Massachusetts, pelo Conservatório de Música de Nova Inglaterra e pelo Wheaton College em Norton, Massachusetts.

Ele foi um dos cinco homenageados na cerimónia anual Kennedy Center Honors, em 2015, por contribuir para a cultura americana através das artes.

Anos depois, a sua saúde deteriorou-se e cancelou algumas apresentações em 2015 e 2016.

Mensagens de condolências chegaram de todo o mundo, incluindo das orquestras de Viena e Berlim, músicos e residentes de Matsumoto.

"A Orquestra Sinfónica de Boston lembra o Maestro Ozawa não apenas como um maestro lendário, mas também como um mentor apaixonado para futuras gerações de músicos, oferecendo generosamente o seu tempo para educação e master classes", afirmou a orquestra, em comunicado.

O maestro japonês Yutaka Sado, que estudou com Ozawa e Leonard Bernstein e agora atua como diretor musical da New Japan Philharmonic, com sede em Tóquio, fundada por Ozawa, disse à televisão pública NHK que Ozawa foi quem o inspirou a ser maestro. "Continuei a seguir as suas pisadas, mas nunca consegui alcançá-lo, por mais que tentasse", apontou.

A agência de Ozawa disse que o seu funeral contou com a presença apenas de familiares próximos, respeitando o pedido da família para uma despedida tranquila.

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