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Ciclo de conversas "E Deus em Nós?"

Martim Sousa Tavares: “Interessa-me a bondade e a sabedoria onde quer que ela esteja”

20 nov, 2023 - 23:00 • Ana Catarina André

Apesar de não ter fé, o maestro reconhece que para muitas pessoas a música é uma maneira de encontrar Deus. Tem interesse pelos Evangelhos e assume que está à espera do seu “incidente para Damasco”, numa referência à conversão de São Paulo.

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O maestro Martim Sousa Tavares considera que a “música é uma porta aberta para emoções em estado puro” e, apesar de se assumir como não crente, reconhece que muitas pessoas podem encontrar Deus nesta forma de arte.

“As pessoas acabam por encontrar na música, muitas vezes, o refúgio das suas vidas e perdem-se na música, e a música pode ser resgatadora. Muita da música que me cabe dirigir foi escrita para Deus”, disse esta segunda-feira, na terceira de quatro sessões do ciclo de conversas “E Deus em Nós?”, moderadas pela jornalista Maria João Avillez, na Capela do Rato, em Lisboa.

Numa entrevista em que recordou o seu percurso e formação, Martim Sousa Tavares procurou explicar a beleza da música, que para algumas pessoas é sinal do Transcendente.

“É esta característica inefável que a música tem e que não conseguimos colher com palavras. Se a conseguíssemos descrever não era música. Era prosa, ou qualquer outra coisa”, afirmou.

Apesar de não ter fé, diz que está à espera do seu “incidente para Damasco”, numa referência à conversão de São Paulo, que caiu do cavalo quando se encontrou com Jesus. Os Evangelhos e as parábolas suscitam-lhe curiosidade.

“Interessa-me a bondade e a sabedoria onde quer que ela esteja”, frisou. “Quando li o Evangelho Segundo São João, aquele de que mais gostei, tinha curiosidade em perguntar à minha avó [materna] que o conhece muitíssimo bem, o que pensava. Confirmou aquilo que imaginava: é o Evangelho do amor", contou.

Martim Sousa Tavares, de 32 anos, falou ainda sobre a Orquestra Sem Fronteiras, o projeto que criou em 2019 e que pretende fixar talento no interior do país e proporcionar à população maior contacto com a música clássica. Quando se apresenta num evento público, faz questão de dizer que já dirigiu concertos em “São Petersburgo e Colmeal da Terra, no Rio de Janeiro e em Maçainhas”.

“Escolho os nomes das aldeias mais perdidas [onde tocámos] e digo-os no meio dessas grandes cidades”, contou, dizendo que não vê mais ninguém a ir a estes locais recônditos com uma orquestra. “Sinto que há aqui uma missão. De vez em quando, até me sinto um bocadinho alado, quase como se fosse protegido, porque ainda não fiz tudo aquilo que tenho que fazer.”

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