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Portugal com mais de 2.100 mortes em excesso desde o Natal

12 jan, 2024 - 18:07 • Diogo Camilo e Lusa

São 19 dias consecutivos com mortalidade acima do esperado. No resto de 2023, foram registados apenas nove. A primeira semana do ano foi a mais mortal desde fevereiro de 2021.

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Portugal registou mais de duas mil mortes em excesso desde o Natal, atingindo os 19 dias consecutivos com mortalidade acima do esperado. No resto de 2023, foram registados apenas nove.

Nos primeiros 11 dias do ano foram registadas mais de 5.750 mortes, com a primeira semana do ano a tornar-se a mais mortal desde fevereiro de 2021.

Segundo os números do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO), no dia de Ano Novo morreram 513 pessoas, um número que nunca foi atingido em 1 de janeiro nos últimos 10 anos.

A 2 de janeiro morreram 551 pessoas, um valor que não era verificado para o mesmo dia desde 2017, quando foram contabilizadas 578 mortes. Nos primeiros quatro dias de 2024 foram registados 2.119 óbitos. Nos últimos dez anos nunca foram registadas mais do que duas mil mortes nesse período. Nem em 2021, ano marcado pela pandemia.

Nos 19 dias com mortalidade acima do esperado foram registadas pelo SICO 2.138 óbitos em excesso. Desde o início do ano foram registadas 1.317 mortes em excesso, com o SICO a verificar 638 óbitos em excesso nos últimos sete dias.

O excesso de mortalidade tem vindo a ser registado desde o dia de Natal de 2023, ficando 37,4% acima do esperado a 1 janeiro, 47,4% a 2 de janeiro, 43,3% a 3 de janeiro e 38,6% a 4 de janeiro, os dias mais críticos. Nos últimos sete dias, o sistema contabilizou uma média de excesso de mortalidade de cerca de 24%, com 3.291 óbitos no total.

Entre 1 de janeiro e hoje, a maioria dos óbitos ficou a dever-se a causas naturais, com uma média de 413 mortes diárias. A média de óbitos por causas externas é de 1,5 e 586 estão sujeitos a investigação.

Os dados disponibilizados pelo SICO são atualizados de forma automática em intervalos de 10 minutos, permitindo fornecer aos administradores de saúde, autoridades de saúde pública e responsáveis pelo planeamento na área da saúde informação atualizada sobre mortalidade ocorrida em território nacional, por área geográfica, grandes grupos de causas de morte e grupo etário.

Portugal é o país com maior excesso de óbitos na primeira semana de 2024, entre os 25 que constituem a rede europeia EuroMOMO, que calcula semanalmente os números da mortalidade dos países membros.

Os dados consultados pela agência Lusa revelam que Portugal é o único membro da EuroMOMO registado com "excesso muito elevado".

Os internamentos por gripe nas Unidades de Cuidados Intensivos diminuíram na primeira semana do ano para 11,7% face à época do Natal e Ano Novo, segundo o Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe e outros Vírus Respiratórios do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Na semana de 01 a 07 de janeiro deste ano "a proporção da gripe em UCI [Unidades de Cuidados Intensivos] foi de 11,7%, valor inferior ao registado na semana anterior".

O documento refere que a proporção da gripe em UCI aumentou entre as semanas 50 e 52 de 2023 (Natal e Ano Novo), altura em que atingiu os 17,1%, valor acima do registado em períodos homólogos (proporção máxima de 13,5% na época 2013-2014).

No que se refere ao número de novos internamentos por infeção por RSV (Vírus Sincicial Respiratório) em crianças menores de 24 meses na rede de vigilância sentinela apresenta uma tendência decrescente nas últimas semanas.

Desde outubro de 2023 foram reportados 340 casos de internamento por RSV pelos hospitais que integram a rede de vigilância.

Segundo os mesmos dados, a mortalidade por todas causas tem registado valores acima do esperado desde o final do ano passado e nos grupos etários acima dos 45 anos.

No panorama internacional, até ao final do ano passado, as taxas de incidência de infeções respiratórias agudas e de síndrome gripal na comunidade mantêm uma tendência crescente no espaço europeu.

[notícia atualizada às 19h52]

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