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Helena Pires

Liga contraria perceções com assistências recorde e reivindica reformulação do quadro fiscal

16 fev, 2024 - 14:26 • Inês Braga Sampaio

Em entrevista à Renascença, a CEO da Liga, Helena Pires, também afirma que os clubes portugueses são prejudicados pela forma como são atribuídos os pontos pela participação europeia no "ranking" da UEFA.

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Helena Pires, CEO da Liga Portugal, considera que os números contrariam a perceção pública de um futebol português pouco atrativo e sem adeptos, e, também espera que as entidades competentes olhem para o futebol profissional de outra forma.

Em entrevista à Renascença, em dia de projeção do maior orçamento da história do organismo, Helena Pires assinala que "falamos numa perspetiva muitas vezes negativa, vamos sempre buscar os aspetos que não são os mais favoráveis, mas temos um futebol brilhante, fantástico, a gerar muito talento".

"Temos vindo a ganhar assistências nos estádios. Também ainda há um longo caminho para percorrermos. [Ao fim da] primeira volta, os números são impactantes, são positivos e nunca tivemos tanta assistência nos nossos estádios", vinca, acrescentando que a Liga tem feito um esforço para que a perceção de insegurança nos estádios também mude:

"Nós criámos um departamento de segurança, cada vez há mais interligação dos clubes, das entidades, das autoridades com este departamento de segurança e, portanto, os estádios estão a ser locais seguros. Não temos registo de grandes problemas nos nossos estádios e é assim que queremos que o registo se mantenha. Estamos a trabalhar todos em conjunto para garantir que isso acontece."

Segundo os dados apresentados, esta sexta-feira, na sede da Liga, 15,81% da população portuguesa vais aos estádios ver futebol, percentagem superada apenas pela Escócia. Ao fim da primeira volta, os recintos da I Liga já receberam 1,85 milhões de adeptos; no total dos dois campeonatos profissionais, 2,14 milhões de adeptos deslocaram-se aos estádios, nas primeiras 17 jornadas de 2023/24.

Contudo, a Liga de Clubes acredita que as assistências seriam ainda melhores se o IVA do futebol fosse reduzido. Atualmente, o preço do bilhete é taxado em 23%, valor mais alto que em qualquer uma das "Big-5", Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França.

Enquadramento fiscal volta a ser tópico


Não é só nesse aspeto que, no entender da Liga, o futebol é encarado da forma errada. Os 53% de descontos para o IRS, igualmente superiores a qualquer uma das cinco maiores ligas da Europa, também dificultam a captação e retenção de talento.

Para Helena Pires, "é preciso olhar para o futebol dentro daquilo que ele é", ou seja, "uma atividade económica", que contribui com mais de 228 milhões de euros em impostos e mais de 667 milhões para o Produto Interno Bruto:

"Precisamos de ter aqui outro tipo de apoios, por forma a sermos ainda mais competitivos. Junto das entidades competentes, temos vindo a demonstrar a necessidade de se parar para olhar para a nossa carga fiscal. É isso que temos vindo a fazer ultimamente, ainda com maior afinco, até porque estamos mais unidos com os clubes e com os nossos parceiros."

"Neste momento o desafio é continuar a fazer esta nossa pressão junto das entidades competentes, por forma a alcançar algum objetivo. Esperamos que verdadeiramente se olhe para nós dentro daquilo que nós somos, uma atividade económica", reforça.

Pontos da Champions devem valer mais


Não é só dentro de portas que a Liga sente que há trabalho a fazer. Os clubes nacionais são, percentualmente, os que mais pontuam na Liga dos Campeões, no entanto, em 2023, Portugal caiu um lugar no "ranking" da UEFA.

Helena Pires defende um escalonamento da pontuação na Champions, na Liga Europa e na Liga Conferência, por considerar que "o futebol português fica prejudicado pelo facto de a atribuição de pontos ser igual em todas as provas".

"Aquilo que nós entendemos que é importante e agora tendo, também, esta possibilidade de ter um alto representante nas nossas instâncias internacionais [o presidente da Liga, Pedro Proença, à frente da European Leagues], é tentar que se reabra o processo e que se repondere a forma de pontuação, porque, efetivamente as competições são diferentes, portanto, a atribuição dos pontos também deve ser diferente", vinca.

Esta sexta-feira, a Liga Portugal projetou o seu maior orçamento de sempre, além da maior distribuição de verbas da história pelas sociedades desportivas: 9,2 milhões de euros. Pelo oitavo ano consecutivo, o organismo apresenta resultados positivos.

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