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Daqui a 500 anos, toda a gente no Japão terá o mesmo apelido (se a lei do casamento continuar igual)

09 abr, 2024 - 15:00 • Redação

Em consequência de uma lei que obriga os casais a adotarem apenas um nome, toda a população japonesa poderá ter o apelido "Sato-san" em 2531, revela um estudo recentemente publicado.

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Sato, o apelido mais comum no Japão, que chega a 1,5% da população do país, será o único nome dos seus cidadãos em 2531, caso a lei do casamento não se altere. Um estudo recentemente publicado aponta para que toda a população tenha este apelido no Japão daqui a 500 anos, em consequência de uma lei que obriga os casais a escolherem um único nome de família, vigente desde o final do século XIX.

O estudo, desenvolvido por Hiroshi Yoshida, professor de economia na Universidade de Tohoku, foi inicialmente publicado em março, e divulgado no dia 1 de abril, dia das mentiras, o que levou muita gente a pensar que seria uma mentira ou uma piada.

No entanto, o estudo é legítimo, ainda que baseado numa série de pressupostos – nomeadamente que a taxa de casamento diminuirá com o passar do tempo, e que 95% das mulheres continuarão a adotar o nome do marido – e serve como uma "chamada de atenção" para as potenciais consequências desta lei no país.

“Se todos se tornarem Sato, talvez tenhamos de ser chamados pelos nossos primeiros nomes ou por números”, disse Yoshida ao jornal Mainichi. “Não penso que esse seja um mundo bom para se viver.”

De acordo com os cálculos de Yoshida, o número de japoneses chamados Sato aumentou 10083 vezes de 2022 a 2023. Se os números continuarem a aumentar neste ritmo, e não havendo alteração da lei, cerca de metade da população japonesa será "Sato-san" em 2446, valor que chegará a 100% em 2531.

Num cenário em que a lei do apelido fosse alterada — e tendo em conta que quase metade da população escolheria adotar apenas um apelido, segundo um estudo de 2022 —, prevê-se que em 500 anos somente 7,96% da população japonesa se chamaria Sato.

Um país de Satos “não será apenas inconveniente, mas também minará a dignidade individual”, disse Yoshida, acrescentando que a tendência também levará à perda da herança familiar e regional.

O estudo foi recebido com reprovação pelos membros conservadores do Partido Liberal Democrata japonês, que afirmam que alterar a lei “minaria” a unidade familiar e causaria confusão entre as crianças.

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