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JMJ Lisboa

Dois jovens de Pemba cumprem “sonho de estar com o Papa”

24 jul, 2023 - 12:25 • Henrique Cunha

Um deles, Esménia, é filha do chefe da comunidade muçulmana da aldeia. Os dois jovens chegam esta segunda-feira a Portugal para participar nos Dias nas Dioceses da Arquidiocese de Braga e depois seguirem para Lisboa para a JMJ.

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O padre Manuel Faria é o sacerdote da arquidiocese em missão na paróquia de Ocua. Foto: Arquidiocese de Braga
O padre Manuel Faria é o sacerdote da arquidiocese em missão na paróquia de Ocua. Foto: Arquidiocese de Braga
Esménica e David viajam de Pemba a Portugal para participar na JMJ. Foto: Arquidiocese de Braga
Esménica e David viajam de Pemba a Portugal para participar na JMJ. Foto: Arquidiocese de Braga

Dois jovens da paróquia de Santa Cecilia de Ocua, confiada à Arquidiocese de Braga, que financia a sua viagem, chegam esta segunda-feira a Portugal para participar nos Dias da Diocese em Braga e na Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Esménia Manuel, 20 anos, e David Raimundo, de 21, são os dois acólitos, leitores e pertencem ao grupo de jovens da paróquia de Santa Cecília de Ocua, na Diocese de Pemba, em Moçambique.

Esménia é filha do chefe da comunidade muçulmana da aldeia, e estuda enfermagem. David Raimundo é professor do ensino primário.

Em declarações à Renascença, Esménia Manuel Nevila revela estar ansiosa por “esta oportunidade de se encontrar" com o Papa.

"Estou muito ansiosa por ver o Santo Padre, nunca tinha sonhado em chegar a Portugal. Mas pela graça de Deus tive essa oportunidade de vir e de me encontrar com o Santo Padre. E peço a Deus que tudo possa correr bem durante o nosso encontro."

Esménia mostra-se entusiasmada de “poder levar tudo” o que vai aprender e as experiências que terá “com os jovens de todo o mundo junto com o Santo Padre para os irmãos de Moçambique”.

Já David Raimundo Joaquim alude à Jornada como um momento de "verdadeira alegria de ser cristão".

"Era tão difícil alguém da nossa paróquia ir participar nas JMJ. Sempre ouvi falar das Jornadas, mas nunca tinha compreendido. Só com a equipa missionária da minha paróquia é que compreendi que quando se fala da JMJ refere-se a um encontro de todos os jovens cristãos de todo o mundo com o Santo Padre”, confidencia o jovem.

"Conhecerei os jovens de todo o mundo, terei a experiência da verdadeira alegria de ser cristão.”

David adianta que “muitas vezes pensava na possibilidade de conhecer Portugal” e agora agradece “à arquidiocese de Braga esta oportunidade”.

“Com toda a certeza esta grandiosa experiência definirá o desenvolvimento da minha vida", remata.

Desafio lançado por D. José Cordeiro

A ideia da vinda dos dois jovens à JMJ foi lançada por D. José Cordeiro, arcebispo de Braga, aquando da sua visita em final do ano passado à Diocese de Pemba. Numa declaração ao Diário do Minho, o bispo lembra esse momento.

“Quando estive em Moçambique, na paróquia de Ocua, que está confiada à arquidiocese, lançámos o desafio de Braga poder convidar dois jovens da paróquia, custeando as despesas, para criar maior relação de amizade e proximidade. Conseguimos, virão o David e a Esménia."

A Arquidiocese de Braga ajudou a que os dois jovens possam cumprir o sonho de participar na Jornada Mundial da Juventude, e todo o processo foi articulado com a paróquia de Ocua, a «paróquia 552 da Arquidiocese de Braga, como lhe chamam».

O Padre Manuel Faria, sacerdote da arquidiocese em missão na paróquia de Ocua, revela que a parte da burocracia foi "muito difícil”.

“Algumas coisas são difíceis de resolver, porque estamos longe e por vezes faltam-nos documentos, e muitas vezes temos dificuldade de alcançar rapidamente os documentos, as vacinas, as autorizações.”

Concluído o processo e feito “o envio”, o sacerdote espera que “eles regressem com uma ousadia muito grande de evangelizar outros jovens”, porque vão regressar “com outra experiência de Missão".

Sara Poças, diretora do Centro Missionário da Arquidiocese de Braga, realça à Renascença que os dois jovens, para além de "serem bastante ativos", têm a vantagem de saberem "falar fluentemente português".

A diretora do Centro Missionário da Arquidiocese de Braga sublinha o facto de a jovem estudante de enfermagem ser filha do chefe da comunidade muçulmana da aldeia.

"É batizada, fez todo o percurso de catecumenato numa escola de Irmãs, porque o Pai acha que esta formação que a Igreja Católica disponibiliza é bastante importante", revela.

Sara Poças destaca, por outro lado, a "muito boa relação entre as religiões", revelando que "até as próprias festas se partilham".

"Quando é Natal, quando é Páscoa, a Igreja enche-se também com os muçulmanos, e ao contrário. Eles também fazem questão de convidar os católicos para as festas muçulmanas."

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