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Maria do Rosário Pinto Correia
Opinião de Maria do Rosário Pinto Correia
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Opinião Católica-Lisbon

E o desperdício dura, e dura e dura. Quando vamos acordar?

12 jun, 2023 • Maria do Rosário Pinto Correia • Opinião de Maria do Rosário Pinto Correia


Lanço aqui um desafio a todos os que, estando em posições de influenciar a tomada de decisão sobre contratações de competências de gestão nas organizações, ainda não tiveram a coragem para assumir os benefícios que os mais experientes lhes podem trazer.

Deitar fora quem mais sabe, porque uma data no cartão de cidadão o exclui da corrida é uma das decisões mais tontas que se pode tomar num processo de recrutamento. Infelizmente acontece na maioria dos casos...

Lanço aqui um desafio a todos os que, estando em posições de influenciar a tomada de decisão sobre contratações de competências de gestão nas organizações, ainda não tiveram a coragem para assumir os benefícios que os mais experientes lhes podem trazer.

Quando vão começar a trazer para as vossas equipas a voz da experiência e o saber de quem já fez?

Há cinco anos, um grupo de 14 gestores portugueses juntaram-se para lutar contra um mal que detetaram na sociedade portuguesa - o desperdício do talento e da experiência de gestores que tinham sido postos de lado na casa dos 50 anos, no meio de carreiras muitas vezes brilhantes - e que parecia a todos nós um nonsense.

Numa economia que carece de capacidade de gestão nas organizações, este ignorar do valor do conhecimento adquirido na vida real só pode ser um ato irrefletido de quem toma as decisões.

Senão vejamos. Pessoas mais experientes já viveram muitas das situações que ocorrem nas organizações, e por isso estão mais capacitados para as resolver de forma rápida e eficiente.

Pessoas com carreiras de sucesso e competências reconhecidas não precisam de se afirmar no desempenho das suas funções, antes podem dar-se ao luxo de tomar as decisões mais adequadas em cada momento sem se preocuparem com a influência que isso possa ter no seu futuro.

Pessoas com mais idade funcionam como um excelente contraponto para o aporte de ponderação a jovens com sangue na guelra e decorrentes tomadas de decisão impetuosas, sem uma análise de todos os pros e contras das mesmas.

Pessoas que já viveram muito sabem que o primeiro impacto não é normalmente o que perdura, e estão mais confortáveis em momentos desconfortáveis.

Pessoas que já passaram por inúmeros processos de decisão e negociação tem uma muito maior capacidade de aceitar decisões que impliquem mudança de prisma ou de posição, sabendo até onde podem ceder sem prejudicar o resultado do processo.

Enfim, ter vivido mais torna-nos mais ponderados e tranquilos, e permite uma segurança e confiança que muito ajuda em situações de mudança, tomada de decisões desagradáveis, crises ou outras.

Sim:

Os mais velhos são provavelmente mais lentos na execução das tarefas, mas têm uma segurança que os menos experientes não têm.

Os mais experientes são eventualmente menos proficientes em meios digitais, mas conseguem de forma mais simples efetuar os raciocínios que precedem a sua utilização.

Quem já viveu mais terá menos flexibilidade para lidar com os imprevistos que a vida nos poe no caminho, mas terem já passado por mais situações dá-nos a calma necessária para os resolver.

E por aqui podia ficar por mais e muitas linhas a demonstrar os benefícios que a idade e a decorrente experiência podem trazer às organizações.

Não o faço porque felizmente, no último ano, o valor da experiência tem ganho relevância em todos os fóruns de debate e opinião pelo mundo, e há já – ao contrário do que acontecia em 2018 – muitas vozes que se levantam contra esta forma de discriminação, prejudicial para os envolvidos e para Portugal.

Lanço aqui um desafio a todos os que, estando em posições de influenciar a tomada de decisão sobre contratações de competências de gestão nas organizações, ainda não tiveram a coragem para assumir os benefícios que os mais experientes lhes podem trazer.

Não tenham receio de que sejam sobre qualificados – nunca há sabedoria ou experiência em demasia.

Não se assustem com carreiras brilhantes - o que nelas eles já fizeram só pode ajudar a vossa organização.

Não confundam saber com arrogância, capacidade de aconselhar com pesporrência, saber empírico com falta de conhecimento teórico.

Não evitem trazer para as vossas organizações estes gestores temendo que não vistam a camisola. Mais do que ninguém eles querem o sucesso dos projetos em que se envolvem.

Avancem.

Experimentem.

E depois digam se temos ou não razão quando vos dizemos que a experiência dos gestores é um ativo fantástico que podem trazer para as vossas organizações!


Maria do Rosário Pinto Correia ,docente da Católica Lisbon School of Business and Economics e fundadora e vogal do CA da Experienced

Este espaço de opinião é uma colaboração entre a Renascença e a Católica Lisbon School of Business and Economics

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