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​Plataforma. Concentração de polícias junto ao Capitólio não põe em causa legitimidade do protesto

20 fev, 2024 - 16:01

"Foi puramente espontâneo", diz o porta-voz da plataforma que junta os sindicatos da PSP e associações da GNR.

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O porta-voz da plataforma que junta os sindicatos da PSP e associações do GNR considerou esta terça-feira que a concentração espontânea junto ao Capitólio, em Lisboa, não põe em causa a legitimidade dos protestos e elogiou o comportamento dos polícias.

“Espelha alguma irregularidade do ponto de vista legal. Ainda assim, os polícias souberam comportar-se com maior elevação e respeito, sem ter, em momento algum, coagido e isso merece destacar”, disse Bruno Pereira, em declarações à agência Lusa.

Na segunda-feira, após uma concentração que juntou na Praça do Comércio, em Lisboa, cerca de 3.000 elementos da PSP e da GNR, muitos seguiram para o cineteatro Capitólio, onde decorreu o debate eleitoral entre os líderes do PS e do PSD, numa marcha espontânea que não foi autorizada.

Rejeitando que os protestos, que se prolongam há várias semanas, estejam a fugir ao controlo da plataforma, o porta-voz reconheceu que “não é propriamente fácil lidar com uma insatisfação tão grande” e que a deslocação ao cineteatro Capitólio foi sinal disso mesmo.

“O que se passou a seguir (à concentração na Praça do Comércio) foi puramente espontâneo e mostra que os policias estão bastante insatisfeitos, intranquilos e quiseram fazer-se ouvir de forma mais audível, simbolicamente, no sitio onde decorreu o debate entre os líderes do PS e do PSD”, sublinhou.

Bruno Pereira insistiu que a marcha decorreu de forma tranquila e elogiou o comportamento “sereno, elevado e democrático” dos polícias.

“Não estou a ver onde é que isso possa macular a legitimidade do protesto, mas mostra o sentimento dos polícias aos dias de hoje”, acrescentou.

Questionado sobre se a contestação se manteria, a menos de um mês das eleições legislativas, Bruno Pereira admitiu que “provavelmente abrandará”, para “dar espaço a que se faça a discussão e combate político”.

Até agora, acrescenta, o objetivo foi influenciar e apelar ao debate.

“Já sabemos que quem vai ter de resolver esta questão será um dos líderes, que irá formar o novo governo. Ambos já assumiram que iriam dar a maior prioridade à resolução desta questão. Respeitamos os tempos da democracia, da constituição do novo governo, até que possam renovar os votos do que prometeram”, concluiu.

Na sequência do protesto, a Direção Nacional da PSP confirmou à Lusa que vai comunicar ao Ministério Público a marcha e a concentração de polícias junto ao Capitólio por o protesto não estar autorizado.

Os elementos da PSP e da GNR estão em protesto há mais de um mês para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.

Encontro nacional de polícias adiado

Em comunicado, a plataforma que junta sindicatos da PSP e associações da GNR anuncia o adiamento do encontro nacional, que estava previsto acontecer no dia 02 de março, para o pós-eleições, "já num novo quadro político", garantindo que não irá deixar de "manter acesa a chama da legítima, justa e incontornável reivindicação".

"A Plataforma manterá a reivindicação do suplemento de missão, através de ações de luta a outros níveis, sendo ela que marcará a diferença no futuro de todos vós e destas instituições seculares", pode ler-se na nota divulgada à Renascença.

Depois das eleições, a plataforma garante que os cidadãos podem "contar com o regresso em força" das reivindicações, alicerçadas "na exigência da reposição de uma das maiores injustiças alguma vez praticada" para com estas forças de segurança.

A plataforma garante também que solicitará "uma audiência imediata ao futuro líder do Governo tendo em vista, como prometido amplamente por todos, a resolução imediata desta desigualdade".

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