01 mai, 2020 - 16:10 • Redação
D. Manuel Linda, bispo do Porto, revela à Renascença a mensagem que recebeu do Vaticano, com a bênção apostólica do Papa Francisco aos familiares de D. Manuel Vieira Pinto, antigo arcebispo de Nampula, que morreu na quinta-feira, aos 96 anos.
"Recebida com pesar a notícia do falecimento de D. Manuel Vieira Pinto, sumo pontífice encomenda ao amor misericordioso de Deus este pastor zeloso e devotado à obra da evangelização, sobretudo nas terras de Moçambique, sendo eleito, em 1967, bispo de Nampula", começa por ler o bispo do Porto.
"Com as suas condolências à Diocese do Porto, berço e último abrigo de D. Manuel, e a Nampula, que apascentou durante 33 frutuosos anos, o Santo Padre concede aos familiares enlutados e a quantos participem do sufrágio na luz da esperança cristã, o conforto da bênção apostólica. Assina este telegrama o Secretário de Estado da sua Santidade, Papa Francisco", termina.
D. Manuel Linda presidiu, na manhã desta sexta-feira, às exéquias fúnebres de D. Manuel Vieira Pinto, um homem de multidões, que face às circunstâncias, teve um funeral com pouca gente, sublinha o Bispo.
"Este homem juntou multidões e era responsável por um Mundo melhor, mas teve de ter um funeral com quatro ou cinco pessoas. A história por vezes é curiosa. O homem das multidões tem uma despedida sem poder juntar muita gente, mas estava muita gente em sintonia", termina o bispo.
1923-2020
Por assumir posições antifascistas, foi perseguido(...)
D. Manuel Vieira Pinto, arcebispo de Nampula entre 1967 e 2000, morreu na quinta-feira, aos 96 anos.
Nascido em 9 de dezembro de 1923, no lugar de Sanguinhedo, na freguesia de Aboim, concelho de Amarante, D. Manuel da Silva Vieira Pinto foi ordenado padre na Sé Catedral do Porto em 7 de agosto de 1949, após completar os estudos no seminário da Diocese do Porto.
Reconhecido pela postura antifascista que assumiu durante o Estado Novo, chegou a ser convidado a integrar o Conselho de Estado pelo general António Spínola nos primeiros dias após o 25 de abril de 1974, convite que recusou.
Antes disso, chegou a ser detido pela polícia política (PIDE) e foi forçado ao exílio pelo Governo de Salazar em 1958, depois das eleições presidenciais a que se candidatou o general Humberto Delgado.