24 dez, 2023 - 21:15 • Ângela Roque
O novo Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, dirigiu-se este domingo aos portugueses, para lhes desejar um bom Natal.
Numa mensagem transmitida através da Renascença e da RTP - retomando assim a tradição que há um ano o patriarca emérito, cardeal D. Manuel Clemente, tinha interrompido -, D. Rui Valério lembrou os vivem esta quadra “no aconchego da família”, mas também os que a passam a trabalhar, “num hospital, num lar de idosos ou em casas de acolhimento para crianças e jovens, em viagem ou em condições de doença e debilidade”, e ainda quem está “em companhia de outras pessoas ou na solidão do esquecimento”.
Sublinhando que “Deus Invisível” está presente “no coração de cada um”, o Patriarca falou das guerras que alastram em várias frentes.
“Chegamos ao Natal com a amarga sensação de que o projeto de civilização inaugurado pelo próprio nascimento de Jesus Cristo e maturado ao longo dos séculos, está a regredir. As guerras em curso na Ucrânia, no Médio Oriente ou na República Centro-Africana, a crise ecológica mundial, a tragédia do não acolhimento dos migrantes são sintomas disso mesmo”, afirmou.
E não esqueceu as muitas dificuldades que ensombram o Natal dos portugueses.
“Também no nosso país as notícias do aumento da pobreza, do número de famílias que, na labuta do dia a dia, têm cada vez mais dificuldade em fazer face às necessidades básicas, são sinais de um país que dificilmente consegue estar à altura de dar uma vida digna aos seus cidadãos, de lhes proporcionar os devidos cuidados de saúde e de habitação, uma educação condigna onde haja professores e condições para ensinar e aprender, enfim, de abrir perspetivas de futuro para todos”, lamentou.
Para D. Rui Valério o Natal faz renascer sempre a esperança, porque “é nos não lugares que Jesus Cristo nasce incessantemente: nos escombros de projetos fracassados, nas ruínas de sonhos desvanecidos, Deus faz-se homem".
"É Ele fonte de toda a proximidade, que faz brilhar a luz do amor que dissipa as trevas do ódio. É o caminho que nos mobiliza para a cultura da paz, da bondade e da concórdia (…). E pressentimos que só o amor é decisivo para afirmar, promover e salvaguardar a dignidade dos seres humanos criados à Sua imagem e semelhança”, continuou o Patriarca.
Para o Patriarca, o Natal cristão traz “luz ao mundo”, e “convoca o melhor do ser humano e sintoniza-nos com o que de mais belo ele é capaz: é capaz do conhecimento sublime de Deus como pai, e de cada um se ver como irmão e irmã; é capaz de compaixão por quem sofre e se sente derrotado da vida; é capaz de amar o próximo e de, por ele, dar a sua própria vida; é capaz de abraçar a causa do ser humano pela sua liberdade, pela paz no mundo e combater por ela, sujeitando-se a todos os sacrifícios. Sim, o Natal convoca o melhor que temos, porque Jesus, o Emanuel, é o Deus connosco”.