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Convento dos Cardaes promove Natal solidário. "Temos uns biscoitos novos muito bons”

21 nov, 2023 - 17:37 • Ângela Roque

Há produtos conventuais à venda e Chá e scones nos claustros, aos fins de semana e feriados, para ajudar a instituição das irmãs dominicanas que ali cuidam de 32 mulheres invisuais e com debilidade mental. Nos últimos anos o que angariaram foi para obras, agora precisam de apoio para adquirir uma carrinha.

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Convento dos Cardaes promove Natal solidário

O Natal solidário já enche de cor e de aromas os corredores do Convento dos Cardaes, na rua do Século, ao Bairro Alto. Quem já conhece volta sempre para comprar os doces e outras iguarias, e este ano encontra uma loja renovada.

“Modificámos a loja, está muito bonita e atrativa”, diz à Renascença a irmã Ana Maria de Sousa Vieira. Tudo o que vendem é ali mesmo confecionado.

“São os nossos produtos conventuais. As pessoas já conhecem a panóplia de Chutneys, os piri piris e o vinagre balsâmico, o Lemon Curd, a ameixa à búlgara, as abóboras com nozes e amêndoas. E as bolachas de aveia, canela, erva doce e limão. Temos uns biscoitos novos muito bons” , conta.

A loja está aberta todos os dias, menos à terça-feira. até 17 de dezembro, aos fins de semana e feriados, há chá e scones nos claustros do convento – a 13 euros para os adultos, e a 6 euros para as crianças.

Por 5 euros pode também fazer-se uma visita guiada, tudo para ajudar as irmãs dominicanas, que através da Associação Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos ali recebe e cuida de 32 “meninas”, como são sempre chamadas: jovens adultas, a partir dos 18 anos, algumas já idosas, todas com necessidades especiais, por serem invisuais ou com debilidade mental.

"Muitas pessoas ajudaram nesta obra, e estamos gratas a todos”

O Convento dos Cardaes “é a sua verdadeira casa de família”, onde têm garantidas as condições básicas de alimentação, higiene, medicação e cuidados de saúde, vestuário e, “acima de tudo a alegria, o conforto, o bem-estar e muito carinho para que sejam pessoas felizes”, refere a irmã Ana Maria.

Nos últimos anos o dinheiro angariado no Natal solidário foi para renovar os quartos. “As obras estão praticamente prontas, os quartos das meninas estão muito bonitos. Muitas pessoas ajudaram nesta obra, e estamos gratas a todos”, sublinha a irmã Ana Maria, explicando de seguida que este ano as receitas vão ter um novo destino.

“É para uma carrinha, mas em segunda mão, que é mais barato. A nossa tem 23 anos, já requer consertos muito caros, já não aguenta muito, ou quase nada. Precisamos muito de outra, para as voltas da casa e para levar as meninas a passear, em pequenos grupos”.

"Venham ao convento tomar um chá, que é sempre bom, e fazer as compras de Natal"

A instituição proporciona às suas utentes “um conjunto de atividades compatíveis com a sua deficiência - desportivas, de cultura e lazer, atividades de exterior, que estimulam as suas capacidades físico-sensoriais com vista ao desenvolvimento de competências que permitam pequenas aquisições na sua autonomia e socialização”, lê-se no site do Convento.

A irmã Ana Maria deixa, por isso, um convite: “incentivar a que venham ao convento tomar um chá, que é sempre bom, e fazer as compras de Natal, optarem por oferecer presentes solidários. Os produtos não estão caros, é uma boa opção passarem por cá”.

A loja do Convento está aberta entre as 10h00 e as 17h00, menos à terça-feira. Nos dias do Chá de Natal encerra só às 19h30.

Para o Chá, nos claustros, aconselha-se inscrição prévia através do email: natalsolidario@conventodoscardaes.com

Um convento ímpar

O Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardaes é o único museu de Lisboa que é habitado e que nunca encerrou a atividade religiosa. Foi fundado por D. Luísa Távora, em 1681, para as religiosas Carmelitas Descalças.

Após a extinção das Ordens Religiosas e com a morte da última freira carmelita, em 1876, foi cedido à Associação Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos tendo sido ali instalado um Asilo para Cegas, com o auxílio e cuidado de Irmãs Dominicanas, que ali continuam até hoje.

Resistiu ao terramoto de 1755 e aos saques que aconteceram com a expulsão das ordens religiosas de Portugal, no século XIX, e à perseguição que se seguiu à implantação da República, no início do século XX.

Tem uma coleção de obras e peças de arte intactas, e uma igreja com altares em talha dourada, a nave envolta em painéis de azulejos de origem holandesa e, num plano superior, uma pintura atribuída a António Pereira Ravasco e André Gonçalves.

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