03 set, 2023 - 15:30 • Ricardo Vieira
“Na Igreja todos têm lugar e devem ser acolhidos, ouvidos e respeitados. E a Igreja está aberta a essa participação”, declarou o novo patriarca de Lisboa.
A mensagem de D. Rui Valério foi deixada na homilia da missa de entrada solene, este domingo, na Igreja de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos.
O novo patriarca definiu as suas prioridades pastorais. Defendeu a continuidade do espírito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), criticou o clericalismo, defendeu uma Igreja de proximidade e a construção de caminhos de paz em tempo de guerras. Prometeu ser a voz dos mais carenciados e excluídos da sociedade.
O antigo bispo das Forças Armadas dedicou uma parte da homilia ao flagelo dos abusos sexuais.
D. Rui Valério deixou palavras de proximidade para com as vítimas de abusos na Igreja.
"Alguns dos próprios filhos da Igreja mancharam a pureza da Igreja, fazendo exatamente o contrário do que fez e determinou Cristo quando disse: 'deixai vir a Mim as criancinhas pois delas é o Reino dos Céus'. E quantas vezes o reino que essas inocentes vítimas conheceram não foi o dos céus, mas o do abismo, do sufoco, do trauma. A todos prometo, com garantia, proximidade e empenho na esperança da cura total”, declarou D. Rui Valério na homilia da missa de entrada solene.
D. Rui Valério deixou uma mensagem aos sacerdotes da diocese de Lisboa e disse que não quer igrejas e paróquias como uma espécie de "Loja do Cidadão", mas que sejam polos de vida e esperança.
“Se realmente ambicionamos paróquias e comunidades cristãs que não sejam apenas estabelecimentos de serviço, tipo loja do cidadão com oferta do religioso, mas sim que sejam fonte de vida e esperança, de afeto e proximidade, então muito de tudo isso depende do modo como o sacerdote interpreta e realiza a sua existência, a sua pregação e ação."
"Ser o que se diz e se faz. Fazer o que se é e se diz. E dizer quem se é e o que se faz, bem na esteia de Jesus Cristo, é promessa para comunidades que dão vida enquanto se dão a si mesmas”, salientou.
Depois da tomada de posse no sábado, D. Rui Valério, o 18.º patriarca na história da Igreja Católica em Portugal, presidiu este domingo à celebração eucarística.
Na missa deste domingo nos Jerónimos marcaram presença o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; o antigo Presidente Aníbal Cavaco Silva; a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva; o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho; a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro; o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro; o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas; e o chefe de Estado Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo, entre outras personalidades da vida pública nacional.
D. Rui Valério sucede a D. Manuel Clemente como patriarca de Lisboa e já prometeu ser um "bispo de rua e de proximidade" com a população da cidade.
O até aqui Bispo das Forças Armadas garante que vai ser um "bispo de estrada", próximo das pessoas, incluindo aquelas que foram vítimas de abuso no seio da Igreja Católica.
"Vou dar à Igreja de Lisboa aquilo que tenho dado sempre na minha vida sacerdotal e como bispo: a minha presença e proximidade", assegurou D. Rui Valério no sábado, depois de ser empossado como novo patriarca na Sé de Lisboa. Durante a cerimónia já tinha expressado solidariedade com as vítimas de abuso.