Reportagem

“É a melhor negativa que se pode ter!”. Testes Covid no pré-escolar e 1.º ciclo arrancam um dia após reabertura

16 mar, 2021 - 12:15 • Olímpia Mairos

No Agrupamento Escolar Dr. Júlio Martins, em Chaves, ao longo desta terça-feira vão ser testados para a Covid-19 cerca de 200 docentes e não docentes da educação pré-escolar e 1.º ciclo do ensino básico. Apesar de se tratar de um teste rápido com antigénio, alguns profissionais manifestam receio e até alguma apreensão.

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No Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins, em Chaves, o dia é dedicado ao rastreio à Covid-19. Cerca de 200 profissionais, docentes e não docentes da educação pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico, vão fazer o teste rápido com antigénio. Uma medida implementada pelo Ministério da Educação para evitar a propagação da doença em ambiente escolar.

A testagem acontece um dia depois da reabertura, com os testes a serem realizados na sede do agrupamento escolar para “não interferir no funcionamento das escolas, com entradas e saídas”, explica à Renascença o diretor do agrupamento escolar, Joaquim Tomaz.

“Hoje vão ser testados 210, entre professores e funcionários – pré-escolar, 1º ciclo, e também os funcionários que temos da autarquia, os serviços administrativos da escola sede e toda a equipa que trabalha no apoio à família e no prolongamento do 1º ciclo. A ideia é que todos aqueles que estão em contacto mais direto com os alunos do pré-escolar e do 1º ciclo possam fazer este teste hoje”, detalha o professor.

O diretor do agrupamento escolar considera que “a testagem é importante”, destacando que o exercício produz “uma certa confiança que se vai gerando nas pessoas, porque há o teste e há o cuidado de prevenir”.

“É bom para a escola e para a sociedade ter essa garantia de que as coisas estão a ser controladas. E é muito importante porque vai eliminar da escola, de uma turma, alguma das pessoas que esteja positiva e que possa ser foco de contágio para os alunos e colegas”, explica o professor Joaquim Tomaz.

O responsável lamenta que a testagem não tenha começado com maior antecedência e defende que deve ser feita com maior regularidade.

Na fila, à espera de fazer o teste, o professor António Abreu, de 55 anos, mostra-se tranquilo.

“Já é a quinta vez e todas com a mesma finalidade. É mais um. Sente-se uma pequena impressão no céu da boca. É parecida com aquela sensação na garganta, quando está inflamada. Mas depois passa. Não vejo que seja uma coisa muito difícil de fazer”, conta à Renascença, aguardando que o resultado do teste seja negativo.

“Claro, é a melhor negativa que se pode ter. Toda a vida queremos positivas, mas, desta vez, não!”, graceja o professor do 1º ciclo.

Já a professora Céu Rodrigues, de 63 anos, vai fazer o seu primeiro teste e apresenta-se “um pouco nervosa”.

“Não sei se custa, mas estou um bocadinho nervosa. Medo não tenho. Tenho medo é que magoem”, diz a docente, confiando que o resultado vai ser “negativo”, porque não tem “corrido riscos”.

No entender de Céu Rodrigues, a testagem “já deveria ter sido antes”.

“Estamos sempre em contacto com as crianças, quer queiramos quer não, passamos pelos encarregados de educação e tudo é vínculo de transmissão e teremos de ter cuidado”.

Independentemente do resultado, a professora do 1º ciclo considera que a testagem “dará maior segurança à escola, à comunidade e aos familiares que ficam em casa e que, sem querer, também estão em contacto connosco”.

“A gente fica com aquela lagrimazinha no olho, mas não magoa”

Marta Sanches, coordenadora da zona da Chaves da Unilabs, o laboratório que está a realizar os testes, explica que o processo é simples e justifica-se para “uma maior segurança da população”.

“Vamos fazer testes antigénio. São testes feitos com zaragatoa e passado 15 a 20 minutos temos o resultado. As pessoas têm mesmo uma ideia errada da zaragatoa. Não custa muito a fazer, desde que esteja descontraído”, explica a técnica.

“Não custou nada, é simples, uma sensação fora do normal, mas… pensei que fosse pior. Estava um pouco assustada, mas, de facto, não custou nada”, afirmou Zélia Neves, de 54 anos, coordenadora operacional no Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins.

Também Laura Pinheiro, auxiliar de educação de 43 anos, garantiu que “não custa muito”. “A gente, no fim, fica com aquela lagrimazinha no olho, mas não magoa”, assegura.

Opinião idêntica é manifestada por Augusto Ladeiras, professor, de 62 anos.

“Algumas pessoas diziam que era muito difícil, mas não custa nada”, diz o professor, considerando a testagem “importante para a segurança pessoal”.

“O teste já é uma despistagem, o que é muito bom. A vacina, se vier, vai ajudar a resolver o problema ou, pelo menos, parte do problema”, afirma Augusto Ladeiras, lamentando que o processo da vacinação nas escolas possa atrasar-se, devido à suspensão da AstraZeneca”, conclui o docente.

A operacionalização da testagem está a cargo do Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins, que, em coordenação com o laboratório que está a realizar os testes, preparou os espaços, definiu os grupos de pessoas e horários de forma a garantir o normal funcionamento das escolas, evitando ajuntamentos e acautelando, ainda, que as atividades educativas/letivas ficam asseguradas para as crianças/alunos.

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