Programa da coroação

Coroação de Carlos III. Marcelo e Lula vão à festa, duquesa Meghan fica nos EUA

04 mai, 2023 - 19:16 • Olímpia Mairos , com agências

Entre os dois mil convidados para a cerimónia estará o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

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Da morte de Isabel II à queda do Governo Truss. O percurso até à coroação de Carlos III
Da morte de Isabel II à queda do Governo Truss. O percurso até à coroação de Carlos III

Carlos III será oficialmente coroado este sábado, dia 6 de maio. O momento histórico vai acontecer na Abadia de Westminster, em Londres, o mesmo local onde a mãe do monarca foi coroada, mantendo-se a tradição de mais de 900 anos da monarquia britânica.

Será a primeira coroação de um monarca britânico em 70 anos, após o reinado mais longo da história protagonizado por Isabel II, o que também torna Carlos o monarca mais velho a ser coroado.

A cerimónia de coroação pode ser dividida em quatro momentos principais: procissão até a Abadia de Westminster, a cerimónia de coroação, desfile até ao Palácio de Buckingham e o cumprimento ao público, na famosa sacada do palácio.

As deslocações serão dois pontos altos de toda a cerimónia. O rei Carlos e a rainha Camilo vão partir do Palácio de Westminster na carruagem que foi usada no Jubileu de Diamante de Isabel II, para, depois, regressarem na Carruagem de Ouro, utilizada em todas as coroações desde os anos 30 do século XIX.

Por questões logísticas, o percurso de regresso será muito mais curto do que o realizado pela Rainha Isabel II, em 1953.

A Coroação

O rei e a rainha vão entrar em procissão na Abadia, encabeçada por uma cruz feita a partir de prata reciclada, madeira recuperada e ardósia galesa, concebida para a ocasião e que tem embutida uma relíquia especial: dois fragmentos de madeira que, de acordo com o Vaticano, foram extraídos da cruz em que Jesus foi crucificado.

Foi um presente pessoal do Papa Francisco a Carlos III, que é o Governador Supremo da Igreja de Inglaterra, num gesto de diálogo ecuménico entre católicos e protestantes.

A solenidade, que formaliza o papel do monarca como chefe da Igreja de Inglaterra e marca a transferência dos seus títulos e poderes, será presidida pelo arcebispo de Cantuária, Justin Welby, o mais alto clérigo da igreja anglicana.

O rei estará sentado na Cadeira da Coroação, onde deve receber a Coroa de Santo Eduardo (1661), toda em ouro maciço e cravejada com 444 pedras semipreciosas. Além da coroa, vai "vestir-se" com outros símbolos da monarquia: o cetro, o orbe e o anel do soberano.

Unção do rei

O óleo com que Carlos será ungido também não foi deixado ao acaso. Trata-se de um azeite perfumado com óleos essenciais de sésamo, rosa, jasmim, canela, neroli, benjoim, âmbar e flor de laranjeira, e vem de azeitonas de Jerusalém.

As azeitonas foram colhidas de dois olivais: no Mosteiro da Ascensão e no Mosteiro de Maria Madalena, onde a avó de Carlos, a Princesa Alice da Grécia, está sepultada.

Música

De acordo com informações de Buckingham, seis comissões orquestrais, cinco corais e uma comissão de órgão foram compostas para o evento, onde vai ser apresentado um novo Hino da Coroação, composto pelo compositor e produtor musical britânico Andrew Lloyd Webber.

A variedade musical do Reino Unido e dos países da Commonwealth será refletida no evento por 12 peças musicais.

A pedido de Carlos III, será também incluída música ortodoxa grega, numa homenagem ao pai, o príncipe Filipe, que morreu em 2021.

No regresso, o rei trará a coroa imperial, considerada a “coroa de trabalho”, por ser usada em ocasiões formais.

Camila, a rainha, irá ser coroada com a coroa da Rainha Maria, bisavó de Carlos, adaptada com jóias usadas por Isabel II, em vez de uma nova. Por trás desta opção, estão, segundo a página oficial da família real britânica na internet, questões de “sustentabilidade e eficiência”.

Segundo o palácio, foram feitas alterações “menores” que refletem “o estilo individual de Camila”, prestando assim “homenagem” à falecida Isabel II, ao integrar diamantes da coleção pessoal da sogra.

Para evitar críticas quanto à herança colonialista, foi removido o diamante “Koh-i-Noor”, originário da Índia e famoso pelo tamanho e pela controvérsia sobre como chegou às mãos da Rainha Vitória, no século XIX.

Cerimónia militar

Ao todo serão mais de seis mil os militares britânicos que vão participar na coroação do rei Carlos III, o maior destacamento cerimonial das forças armadas do Reino Unido em sete décadas, incluindo soldados, marinheiros e aviadores.

Nas cerimónias também vão estar envolvidos perto de 400 membros de tropas de 35 países da Commonwealth.

Salvas de canhão vão ser disparadas de bases do exército britânico em todo o país e de navios de guerra em alto mar.

No final, mais de 60 aviões militares, incluindo 'Spitfires' da II Guerra Mundial e caças modernos, vão sobrevoar o Palácio de Buckingham.

Concerto de Coroação

No dia a seguir à coroação de Carlos III, no domingo, os cidadãos são incentivados a realizar almoços e festas de rua com os seus vizinhos. A iniciativa “Grande Almoço” é organizada pelo Eden Project, projeto social apoiado por Camila desde 2013, que visa aproximar as pessoas para reduzir a solidão e promover o espírito de comunidade.

À noite, Katy Perry, Take That, Freya Ridings, Paloma Faith e Olly Murs, Lionel Ritchie, Freya Ridings, Nicole Scherzinger, o cantor de ópera Andrea Bocelli e a nigeriana Tiwa Savage, entre outros, participam no Concerto da Coroação, nos jardins do Castelo de Windsor.

Além das estrelas do concerto, o espetáculo vai contar com uma aparição exclusiva do Coro da Coroação, um grupo criado a partir das comunidades corais do Reino Unido e com cantores amadores, onde se incluem refugiados, trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde, cantores da comunidade LGBTQ+ e intérpretes de língua gestual.

Haverá ainda um coro virtual, composto por vozes de vários países da Commonwealth, liderado por Gareth Malone, Amanda Holden, Motsi Mabuse e a atriz Rose Ayling-Ellis.

Recorde-se que Adele, Ed Sheeran, Elton John, Harry Styles, Robbie Williams e as Spice Girls rejeitaram o convite para atuar nas cerimónias, o que terá deixado o monarca muito desapontado. Se uns alegaram dificuldades de agenda para declinar o convite, Adele e Robbie Williams não deram qualquer explicação para a sua ausência.

Na segunda-feira, 8 de maio, a celebração de três dias termina com “The Big Help Out”, uma iniciativa que pretende difundir o trabalho de solidariedade de várias organizações, para incentivar um maior número de pessoas a serem voluntárias.

Os convidados

Os convites foram enviados para cerca de duas mil pessoas. A família surge em primeiro lugar e são muitos os familiares do rei e da rainha que deverão marcar presença, desde logo, o príncipe William e Kate, o príncipe e a princesa de Gales, assim como dois dos irmãos do rei, Ana, princesa real, e Eduardo, duque de Edimburgo.

Embora se tenha especulado muito sobre a presença ou não do seu filho mais novo, o príncipe Harry confirmou a sua presença, mas sem a esposa Meghan. A coroação coincide com o quarto aniversário do filho do casal, o príncipe Archie, que ficará com a mãe e a irmã em Los Angeles, onde o casal agora vive.

O príncipe André, o duque de York, também deve estar presente, mas a sua ex-mulher, a duquesa de York, Sarah Ferguson, não foi incluída nos convites.

A princesa Beatrice e a princesa Eugenie também marcam presença, como nona e 11.ª na linha de sucessão ao trono, assim como a filha da princesa Anne, Zara Tindall, e o seu marido, Mike Tindall.

Os netos do rei Carlos e de Camila também estarão presentes e alguns vão participar mesmo na cerimónia. O príncipe George, filho mais velho dos príncipes William e Kate, segundo na linha de sucessão ao trono, será um dos vários “pajens de honra”.

Três dos netos da rainha consorte - Gus e Louis Lopes e Freddy Parker Bowles, e o seu sobrinho-neto Arthur Elliot também assumirão esse papel e vão integrar a procissão pela Abadia de Westminster.

A rainha Camila também será acompanhada pela sua irmã Annabel Elliot e pela sua amiga Lady Lansdowne.

Líderes estrangeiros

Figuras políticas importantes e líderes mundiais também integram a lista de dois mil convidados oficiais.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, surgirá acompanhado por alguns ministros e, segundo informações disponíveis até o momento, ex-primeiros-ministros do Reino Unido, como Liz Truss e Tony Blair, também marcarão presença, assim como o novo primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf.

Também estará presente a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o Presidente da França, Emmanuel Macron, o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, o Presidente da Polónia, Andrzej Duda, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, o Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o Presidente português, Marcelo Recebo de Sousa. Já o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, estará ausente, sendo representado pela primeira-dama, Jill Biden.

Para a coroação são esperados também líderes religiosos e representantes de toda a Commonwealth, o conjunto de mais de 50 países, com cerca de um terço da população mundial, em que, quase todos eles, já foram governados no passado por Londres, como parte do Império Britânico.

Vários membros de famílias reais estrangeiras devem viajar também para Londres, para participar na cerimónia. Inclui-se aqui o príncipe Albert e a princesa Charlene, de Mónaco, o rei Felipe e a rainha Letizia, de Espanha, o príncipe herdeiro Akishino e a princesa Kiko, do Japão, e o rei Carl Gustaf XVI, da Suécia, que será acompanhado pela sua filha, a princesa Victoria.

O rei Carlos e Camila também convidaram 850 representantes da comunidade britânica para a cerimónia, em reconhecimento pelo seu trabalho de caridade. Aqui incluem-se 450 galardoados com a Medalha do Império Britânico (BEM, na sigla em inglês) e 400 jovens de grupos selecionados pela família real.

Milhares de veteranos e funcionários do NHS também foram convidados a assistir à coroação, incluindo as procissões e o sobrevoo, através de uma plataforma de observação especial em frente ao Palácio de Buckingham.

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