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Programa Alimentar Mundial da ONU teme onda de fome no mundo

15 mar, 2022 - 07:35 • João Cunha

PAM alerta que há muitos países dependentes dos cereais da Ucrânia. Mas o país antes considerado o celeiro da Europa está agora a receber ajuda alimentar de emergência. O Programa Alimentar Mundial está a preparar essa operação em larga escala na Ucrânia, para abranger, pelo menos, três milhões de pessoas.

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Era algo impensável até há uns meses: prestar ajuda alimentar a quem está retido pela guerra na Ucrânia - um dos maiores produtores de cereais do mundo e um dos principais fornecedores de alimentos ao Programa Alimentar Mundial (PAM).

"É surreal que estejamos a mobilizar comida para ajudar quem está retido no interior da Ucrânia. Era o segundo maior país ao qual o Programa Alimentar Mundial comprava comida para as nossas operações em todo o mundo, como para o Iémen, para a Síria, a Africa Ocidental e a Etiópia. Por isso, é inacreditável e triste que estejamos a preparar ajuda alimentar à Ucrânia", desabafa Abeer Etefa, a porta-voz do PAM para a região da Europa Central e do Médio Oriente.

Um país que agora está em conflito - o que coloca em causa a ajuda alimentar a outros países e o fornecimento de cereais a países dependentes da sua importação. E que pode provocar uma onda de fome.

"Tememos que haja uma onda de fome que atinja todo o globo", refere Abeer Etefa.

"Vamos ter um grande impacto em países dependentes da importação de trigo, de milho, de girassol. Se olharmos para as regiões do Médio Oriente e Norte de África, são particularmente vulneráveis ao aumento de preços, porque importam grandes quantidades de cereais."

O Líbano importa metade do trigo que consome da Ucrânia; o Iémen importa 22%; a Tunísia cerca de 42%. Mas agora, sem a produção da Ucrânia, terão de encontrar outros fornecedores.

Ajuda alimentar de emergência à Ucrânia

A partir da Hungria, o Programa Alimentar Mundial está a preparar uma gigantesca operação de ajuda alimentar a quem foi apanhado pela guerra ou está deslocado na Ucrania. A principal preocupação são as famílias que estão em zonas de combate da Ucrânia, porque "estão a ter grandes problemas em encontrar comida".

Por isso, o PAM está a pôr de pé uma gigantesca operação para fornecer grandes quantidades de alimentos a quem está retido nessas cidades e para assistir outros, que sofreram os impactos do conflito.

"Estamos a prever assistir perto de três milhões de pessoas no interior do país. E, nesse sentido, preparamos a base desta operação em dois locais distintos da Ucrânia", explica Abeer Etefa.

Ajuda que já começou a ser dada em alguns locais. "Estamos a distribuir pão, diariamente, a cerca de 20 mil pessoas na cidade de Kharkiv. O pão fresco é feito por padarias com a farinha de trigo que estamos a fornecer. Enviámos ajuda alimentar de emergência a Kiev. Estamos a distribuir vouchers de comida na cidade de Lviv, a pessoas que são deslocadas e que ali chegaram de várias zonas do pais. Estamos a mobilizar comida para colocar junto das áreas de combate."

Só falta mesmo que exista um cessar-fogo e acesso humanitário para essa ajuda poder chegar a quem dela precisa.

Um desses locais é a cidade de Mariupol, onde a situação humanitária é mais complexa de momento. "Em geral, queremos ter acesso a todo o lado", assegura a porta-voz do PAM. Mas de momento, "Mariupol é a cidade onde existem as maiores necessidades humanitárias, por estarem sem fornecimento de bens alimentares há já alguns dias".

Para ajudar, basta ir à página na internet ou às redes sociais do Programa Alimentar Mundial e fazer um donativo.

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  • Ah pois
    15 mar, 2022 Mundo 09:40
    Depois da criminosa destruição levada a cabo pelo exército russo, é natural que o "celeiro da Europa" já não o seja. E o Mundo vai ressentir-se disso. Estranho: hoje a Mariana Mortágua numa das crónicas bloquistas, descreveu uma Ucrânia pobre, minada pela corrupção, com ondas sucessivas de emigração, oligarcas para cá, corrupção para lá, e terminou a falar no perdão da divida da Ucrania como se fosse isso que detinha a invasão russa. Ou estaria a falar duma Ucrania-da-Mortágua, um daqueles sonhos fantasistas em que os BE normalmente navegam, à espera dos amanhãs que cantam?

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