12 abr, 2024 - 06:00 • Sandra Afonso , Arsénio Reis
Os patrões querem replicar em Portugal o modelo alemão. Ou seja, querem ter uma voz ativa na imigração. É o que defende o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro, em entrevista ao programa Dúvidas Públicas, da Renascença.
Este foi um dos temas que dominou a campanha eleitoral e continua a ser notícia, até porque a entrada de trabalhadores é uma necessidade do país, com o envelhecimento da população. No entanto, este fluxo de mão de obra não está a contribuir na mesma medida para o crescimento da economia.
"Com mais um milhão de pessoas a trabalhar, o nosso Produto Interno Bruto (PIB) cresceu de forma anémica", sublinha o presidente da CIP. Porquê? Devido ao "baixo valor acrescentado, no fundo vieram fazer o que nós já fazíamos", explica.
Armindo Monteiro reforça o coro de críticas ao modelo económico do país. "Estamos a especializar a nossa economia em valores mínimos e trabalho indiferenciado", ou seja, baixos salários. Assim, avisa, "não vamos conseguir aproximar-nos da média europeia".
Defende que é preciso discutir a imigração e a CIP quer ser incluída. Para o presidente da CIP, o aumento da natalidade já não é uma solução viável para os próximos 10 ou 20 anos, "a imigração é a única que vai permitir resolver a falta de mão de obra". No entanto, não basta permitir a entrada destas pessoas no país.
Programa do Governo
"Portugal enfrenta desafios significativos em rela(...)
Armindo Monteiro defende uma solução semelhante à que se aplica na Alemanha, onde "a Confederação Empresarial Alemã participa ativamente, indicando quais são os setores onde falta mão-de-obra".
No entanto, o presidente da CIP sublinha que os patrões defendem "uma imigração programada, não ad hoc" ou dirigida a determinado fim. "Nós não podemos trazer pessoas apenas para trabalhar, mas também para viver, para isso é necessário assegurar também condições de saúde, educação e segurança", acrescenta.
É a ausência de uma "imigração programada" que cria os "fenómenos anti-imigração", defende.
Nesta entrevista ao programa Dúvidas Públicas, o presidente da CIP admite que as empresas estão de novo ameaçadas pelo aumento do preço do crude, que está a ser transacionado ao valor mais elevado dos últimos cinco meses, no mercado internacional.
Esta tendência de subida tem sido refletida nos combustíveis, que estão também a aumentar de preço. António Monteiro admite que podem regressar as dificuldades já sentidas há um ano, quando a inflação disparou e o Governo foi obrigado a intervir com apoios ao tecido empresarial.
Esta ameaça pode ainda agravar-se "se se perpetuar a guerra". Além disso, "a geografia ibérica não facilita nada em termos de energia, se estivéssemos no centro facilmente nos chegava energia de vários pontos da Europa, numa das pontas e com o "muro" dos Pirenéus a separar-nos, é uma dificuldade termos energia a custos competitivos como têm a maior parte dos nossos parceiros europeus", explica.
São excertos da entrevista do presidente da CIP, Armindo Monteiro, à Renascença, onde fala ainda do programa do novo Governo, de impostos, salários e sindicatos, entre outros temas.
Uma entrevista para ouvir na antena da Renascença este sábado, a partir do meio dia, e que fica depois disponível no site e em podcast.