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Ferrovia

Alta velocidade. Espanha dá mais um passo para Lisboa em bitola ibérica

14 dez, 2023 - 20:47 • João Pedro Quesado

Quase 200 quilómetros de linha de alta velocidade, que abriram em 2022, estão agora eletrificados do outro lado da fronteira. Ainda faltam alguns passos para uma ligação rápida entre Lisboa e Madrid, principalmente em Portugal.

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O Governo espanhol anunciou esta quinta-feira a entrada em serviço da eletrificação de 195 quilómetros de linha de alta velocidade até Badajoz. O troço, construído em bitola ibérica, é mais um passo da Espanha para tornar realidade a ligação rápida de comboio a Lisboa.

A linha, entre as localidades de Plasencia e Badajoz – passando pelas cidades de Cáceres e Mérida -, já estava em serviço desde 2022, mas a eletrificação apenas foi concluída neste mês de dezembro.

Segundo o Ministério dos Transportes e Mobilidade Sustentável de Espanha, a ligação ferroviária foi construída em bitola ibérica, com travessas polivalentes, tal como Portugal tem feito. Essa opção permite uma conversão futura para a bitola europeia, se um dia os governos ibéricos tomarem essa decisão.

Por agora, os comboios apenas podem circular a 200 km/h. Isso deve-se ao sistema de sinalização, que vai ser alterado para o Sistema Europeu de Gestão do Tráfego Ferroviário (ERTMS), permitindo subir as velocidades para o praticado no resto da rede de alta velocidade em Espanha.

O troço agora eletrificado faz parte da ligação entre as duas capitais ibéricas - um dos corredores de alta velocidade previstos pela União Europeia na Rede Transeuropeias de Transportes. Do lado de Espanha, fica a faltar a ligação entre Plasencia e Madrid.

O processo para a construção dessa parte em falta já começou. De acordo com a ADIF, a gestora das infraestruturas ferroviárias em Espanha, há obras em cerca de 70 quilómetros de linha, enquanto os restantes 200 quilómetros até Madrid estão à espera de aprovação ambiental.

E em Portugal?

Do lado português, também há obras a decorrer. Parte do afamado Ferrovia 2020, a nova linha entre Évora e Elvas liga a linha de Évora à linha do Leste, e depois até à fronteira. Parte desta linha, que vai ter uma velocidade máxima de 250 km/h para os comboios de passageiros, está concluída.

As restantes três fases, em conjunto com a instalação da sinalização - já no padrão europeu - ficarão concluídas em 2024, se não houver mais derrapagens nas obras. A conclusão da obra estava originalmente marcada para o final de 2019, mas os trabalhos só começaram nessa altura.

Depois desse passo, ficam a faltar mais duas etapas em território português - a ligação de alta velocidade entre Lisboa e Évora e a terceira travessia do Tejo, ambos presentes no Plano Ferroviário Nacional. Esse plano esteve em consulta pública no início do ano, e ainda não há data de publicação da versão final.

No fim de tudo, que tempos de viagem podemos esperar? Em Portugal, com tudo feito, projeta-se 1h20 de viagem até à fronteira (face às quase quatro horas de hoje). Sem a nova ponte sobre o rio Tejo, construída entre Chelas/Beato e o Barreiro, o Plano Ferroviário Nacional prevê uma viagem de 1h57 entre Lisboa e a fronteira.

Contando com as obras feitas também em Espanha, a viagem entre Lisboa e Madrid deverá descer abaixo das quatro horas de duração, passando a poder competir com as viagens de avião.

Do lado do transporte propriamente dito, a Renfe já se mostrou interessada em chegar a Évora. Para além disso, tem posto em prática um plano de expansão internacional, que já leva comboios espanhóis de alta velocidade até Lyon e Marselha.

À ligação a Madrid deve juntar-se, por volta de 2030, a ligação a Vigo, através da linha de alta velocidade entre Lisboa e Porto - que aguarda o lançamento do concurso para se candidatar de novo a fundos europeus e iniciar o processo de construção do primeiro troço. A primeira fase, entre o Porto e Soure, deve entrar em exploração em 2029.

Depois da estação de Campanhã, e assim que todas as ligações estiverem construídas, os comboios de alta velocidade vão parar no aeroporto Francisco Sá Carneiro, assim como em Braga e Valença, seguindo depois para Vigo. Existe ainda a possibilidade de uma estação intermédia, na zona de Ponte de Lima, caso a procura o justifique.

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