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Três em cada 10 portugueses já foram diagnosticados com depressão

10 mai, 2023 - 09:16 • Lusa

Números são revelados pelo estudo de uma farmacêutica. Psiquiatra considera números avassaladores e lembra a necessidade do Serviço Nacional de Saúde ter mais meios para dar resposta a este problema.

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Três em cada 10 portugueses já foram diagnosticados com depressão e seis já sentiram sinais da doença num momento da sua vida, estima um estudo divulgado esta quarta-feira, números que o psiquiatra Gustavo Jesus considera "avassaladores".

Os dados constam de um inquérito para perceber a visão dos portugueses sobre a depressão promovido pela Lundbeck Portugal, farmacêutica especializada em doenças neurológicas e psiquiátricas, e indicam que 33,6% dos inquiridos respondeu que já lhe foi diagnosticada a doença por um profissional de saúde.

De acordo com o estudo, a que a agência Lusa teve acesso, 62,1% dos portugueses sentiu que estava com uma depressão em algum momento da sua vida e 77,3% tem ou já teve um amigo ou familiar próximo a quem foi diagnosticada a doença.

"É de esperar que haja um elevado número de pessoas diagnosticadas com depressão porque Portugal é dos países do mundo com maiores taxas" desta doença mental, alertou Gustavo Jesus, ao salientar ainda que a pandemia da Covid-19 provocou um aumento desta prevalência nos últimos anos.

Segundo adiantou o especialista à Lusa, o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que está a "passar por um período de grande dificuldade", não consegue dar a resposta necessária face à elevada prevalência da depressão em Portugal, nomeadamente nos cuidados de saúde primários.

"Os médicos de família estão aptos [a fazer o diagnóstico], mas o problema é que não há médicos de família. Há muitos portugueses que não têm médico de família e, os que têm, sentem o seu acesso dificultado", salientou o psiquiatra.

Já nos casos em que os doentes têm de ser referenciados dos cuidados de saúde primários para a psiquiatria hospitalar, confrontam-se com tempos de espera para a primeira consulta nos hospitais que "têm vindo a aumentar sucessivamente", sublinhou também Gustavo Jesus.

O inquérito revela ainda que os "portugueses parecem não ter grandes dúvidas sobre o facto de a depressão ser uma doença", mas 28,5% ainda consideram que se trata de um estado de espírito.

Mais de 70% dos inquiridos considerou que a doença é pouco valorizada pela sociedade, enquanto 29% tem a perceção de que é crónica, ou seja, que "fica para a vida toda".

A tristeza (91,3%) e a perda de autoestima (89,6%) são os dois sintomas que maior número de inquiridos associa à depressão, seguindo-se a falta de prazer e de interesse (85,3%), a ansiedade (82,3%) e o cansaço físico ou diminuição de energia (81,9%).

De acordo com Gustavo Jesus, na maior parte dos casos, a depressão é uma doença aguda, que deve ser tratada no momento em que é diagnosticada, e que não evoluiu para uma situação crónica na maioria das situações.

"É uma doença altamente frequente. Embora a depressão não seja sempre uma doença crónica, é neste momento a doença responsável por mais dias de vida doentes no mundo", salientou o psiquiatra.

O inquérito "a visão dos portugueses sobre a depressão" envolveu um total de 1.215 inquiridos, telefonicamente, entre os dias 27 de setembro e 3 de outubro de 2022.

Comentários
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  • Desabafo Assim
    10 mai, 2023 Porto 22:47
    Agradecia a não publicação dos comentários enviados por mim, obrigado pela atenção.
  • Desabafo Assim
    10 mai, 2023 Porto 16:34
    Meter os pés pelas mãos, não ser capaz de escolher o melhor para si próprio, empurrar com a barriga (ao menos alguns sabem que têm um problema), jovens ao Deus dará em que a sociedade diz a viva voz estarem a mais. Tempos difíceis cheios de crianças arrogantes a governar, que assim seja, talvez no meio da jovialidade alguns cresçam para a realidade. Numa conversa de café dizia, os sonhos do 25 de abril não passaram de sonhos pois a precariedade na nossa sociedade continua igual, a criança da canção da gaivota foi arquivada, dela já não reza a história, ainda se ouve o Grândola mas por mais um ou dois aninhos, gostam da música mas não da letra. Na tal mesa de café alguém disse, mas se distribuirmos a riqueza do nosso país por todos ficamos todos pobres! Pensamento encavalitado nas falsas necessidades, não fala a oração, que nem rima tem, um pão nosso para cada dia, tendo o dia e o pão não é suficinte para viver em alegria? Temos de nos rebaixar aos amores do mundo para usufruir de alguma alegria, criou o criador este magnífico ser para pastar ou criar pastagens. O de mais valioso que o mundo possa conter está no brilho do olhar de uma criança, nem aqui nem em lado nenhum existe coisa mais bela que a esperança que anima a criança, o jovem, o jovem adulto que se apaixona e ambiciona, no idoso que se cala e diz para si próprio palavras de consolo, tristes, todos de mãos dadas guiados pelo cego no meio do pântano. A besta faz o que tem que ser feito, não há almoços grátis.

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