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Primeiro interrogatório. Vieira suspeito de desviar dinheiro em negócios do Benfica

08 jul, 2021 - 07:25 • Redação com Lusa

O dirigente passou a noite nas instalações do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, em Moscavide. É suspeito de burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais em negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros.

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O presidente do Benfica deve ser ouvido esta quinta-feira em primeiro interrogatório judicial, após o almoço, pelo juiz Carlos Alexandre, no âmbito de uma investigação a alegados crimes de burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento. O risco de fuga ditou detenções.

Luís Filipe Vieira é uma das quatro pessoas detidas, que, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), são suspeitas de estarem envolvidas em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.

Está previsto que os quatro detidos sejam presentes hoje a primeiro interrogatório judicial, do qual poderá resultar a aplicação de medidas coação, “com vista a acautelar a prova, evitar ausências de arguidos e prevenir a consumação de atuações suspeitas”.

O DCIAP informou na quarta-feira que foram detidos um dirigente desportivo, dois empresários e um agente do futebol e realizados cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária, em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Mas segundo o semanário "SOL", os restantes detidos são o filho do presidente do Benfica, Tiago Vieira, e os empresários José António dos Santos, acionista da SAD encarnada e conhecido como "Rei dos Frangos", e Bruno Macedo.

Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurarem “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

Que tipo de esquemas estão em causa? A imprensa desta manhã refere que Vieira terá montado um esquema em que participaram o filho Tiago e o empresário Bruno Geraldes Macedo para desviar dinheiro do clube da Luz.

Por exemplo, no caso de Bruno Macedo, que possui várias empresas de agenciamento de jogadores, ele aumentaria indevidamente as comissões das transferências e que depois reverteriam para empresas do universo de Luís Filipe Vieira, para onde terão sido desviados quase dois milhões e meio de euros.

Em investigação está igualmente a restruturação das dívidas do grupo Promovalor de Viera ao Novo Banco, que em maio de 2017, ascendiam a 267 milhões. Para limpar a dívida foi criado um fundo gerido por uma empresa presidida por Nuno Gaioso Ribeiro, vice-presidente da SAD do Benfica e da qual também o filho de Vieira, Tiago, chegou a ser administrador e sócio.

Por outro lado, inquérito investiga também suspeitas de crimes na forma como uma dívida de 54 milhões de euros contraída por outra empresa de Vieira, a Imosteps, junto do Novo Banco, foi parar às mãos do amigo e sócio de Vieira, José António dos Santos, o chamado “Rei dos Frangos”.

Primeiras reações. Numa primeira declaração após a detenção, o advogado de Luís Filipe Vieira garante que o presidente do Benfica não foi apanhado de surpresa pela detenção e está tranquilo. "Estava com serenidade. Nunca somos apanhados de surpresa quando estamos nestas funções. Poderão sempre passar-se coisas deste tipo e estamos preparados para acompanhar as pessoas quando têm estes incómodos. Suspeitas são suspeitas", sublinhou.

O Benfica reagiu ainda na quarta-feira à detenção de Luís Filipe Vieira e a direção disse estar “firmemente determinada” a defender os interesses do clube lisboeta, pouco tempo depois de a SAD ‘encarnada’ ter indicado que as funções do presidente serão "asseguradas nos termos previstos na lei e nos estatutos" da sociedade.

Assim, mesmo que se mantenha sob detenção depois desta quinta-feira, caso seja decretada prisão preventiva ou situação que o impeça de exercer as funções no clube da Luz, continuará a ser presidente do Benfica.

As reações à detenção estendem-se ao universo político. PS diz que é "tempo de a justiça atuar". O Chega pede rapidez, eficácia e transparência. O CDS considera "saudável" que o trabalho dos deputados possa ser aproveitado pela justiça. PAN fala de "sinal positivo de que não há cidadãos intocáveis para a justiça".


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