Gilberto Madail

"Portugal é o elo mais fraco da candidatura ao Mundial 2030"

02 nov, 2023 - 18:15 • Eduardo Soares da Silva

Gilberto Madail, antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol, não compreende a indecisão no número de jogos e questiona a visibilidade que dez partidas em solo português darão ao país. Candidatura em três continentes é resultado de decisões pouco claras.

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Gilberto Madail, antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), acredita que Portugal é o "elo mais fraco da candidatura ao Mundial 2030".

O ex-dirigente, que liderou a FPF entre 1996 e 2011, tem a expectativa que a federação "faça valer a sua posição, mas no panorama geral, Portugal é o elo mais fraco de toda a candidatura."

Em declarações ao programa "Hora da Verdade", da Renascença e jornal Público, o secretário de Estado do Desporto anunciou mais de dez jogos realizados em solo nacional, de um total de 104. No entanto, não confirmou que Portugal vá receber qualquer jogo para lá da fase de grupos.

Gilberto Madail não compreende a indecisão: "Na nossa candidatura ao Euro 2004 e Mundial 2022, tudo estava definido. Jogos de abertura, encerramento e quantos jogos em cada país de acordo com os estádios disponíveis. Não entendo como isto é feito assim, no ar. Vamos ver o que vai dar", lamenta, à Renascença.

Nesse sentido, o dirigente - que aponta que Portugal perdeu a organização do Mundial 2022 para o Qatar "devido à corrução na FIFA" - não compreende a decisão e questiona se Uruguai, Argentina e Paraguai se vão contentar com a organização de apenas um jogo.

"Não compreendo como é que a FIFA atribui uma candidatura a três continentes. Não sei como vai ser possível logisticamente, particularmente para a deslocação dos adeptos. Mais ainda pela indefinição de quantos jogos vão ser jogados em cada país. Não me acredito que na América do Sul só vá ser um jogo, vão ser mais. Marrocos também vai pressionar para ter mais jogos. Entre nós e a Espanha, eles têm mais capacidade em termos de estádios", explica.

Madail vai mais longe e acredita que "não faz sentido nenhum" receber apenas dez jogos em Portugal: "Não vai dar visibilidade que se poderia obter da realização de um Mundial só em Portugal e Espanha. Aí seria grande a visibilidade".



Atribuição mais transparente? Madail fala em "decisões pouco claras"

Portugal e Espanha anunciaram a candidatura conjunta ao Mundial 2030. Mais tarde, juntou-se a Ucrânia ao projeto, que acabou substituída por Marrocos. A candidatura ibero-marroquina iria competir com a sul-americana, mas acabaram por ser unidas no esboço final de candidatura.

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Atribuição do Mundial 2030 tem indícios de corrupção? "Corrupção não digo, mas indicia grandes influências"

Assim, o Mundial foi atribuído sem necessidade de ir a votação no próximo congresso da FIFA, marcado para 2024.

João Paulo Correia considera que o processo foi "feito com o máximo de transparência, não tendo sofrido qualquer tipo de contestação. Interrompe um ciclo de decisões que nunca foram tão transparentes como esta".

Madail considera que, apesar "de alguma limpeza que foi feita na FIFA, ainda não é claro o porquê destas decisões".

"Recordo que os sul-americanos disseram que Gianni Infantino [presidente da FIFA] cumpriu com a sua promessa. Mesmo antes de atribuir a Espanha, Portugal e Marrocos. Nomeação com transparência foi para o Euro 2004", disse.

Mas há indícios de corrupção na atribuição deste Mundial? "Não digo corrupção, mas indicia grandes influências, sem dúvida nenhuma. Como disse: para o Uruguai dizer que Infantino tinha cumprido com a sua promessa mesmo antes da atribuição, é porque já existia um acordo nesse sentido."

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