Austríacos reformados querem aprender português para ir viver para Portugal

02 out, 2023 - 23:35 • Maria João Costa

Nas aulas que dá promovidas pela Associação Austro-Portuguesa, Cláudia Fernandes explica que pretende dar mais aos alunos, para além do ensino da língua.

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Em Viena, na Áustria, a procura pelo ensino do português tem aumentado. O interesse pela língua é despertado por várias razões. Quem o diz é Cláudia Fernandes, professora de língua portuguesa há 17 anos na Áustria.

A Renascença encontrou-a num evento promovido pelo Festival Terras sem Sombra, do Alentejo, que por estes dias está na Áustria a dar-se a conhecer. O projeto deste festival musical tem este ano a Áustria como país convidado.

Cláudia Fernandes, que começou por dar aulas em Salzburgo, é hoje docente na universidade de Viena. Além dos seus estudantes universitários, juntos dos quais tem feito um esforço para promover a cultura portuguesa, dá também aulas a outros interessados na língua latina.

Quanto perguntamos a esta professora qual o perfil destes estudantes curiosos na língua que Pessoa versou, explica que se trata de uma “uma comunidade bastante variada, desde os alunos que vão para a universidade, a outras pessoas mais velhas que querem aprender português, porque tem relações familiares e emocionais com Portugal”.

Mas há também outras pessoas que procuram aprender português “por causa da cultura portuguesa e outras, ainda que tem interesse na perspetiva de na reforma irem viver para Portugal”.

Nas aulas que dá promovidas pela Associação Austro-Portuguesa, Cláudia Fernandes explica que pretende dar mais aos alunos, para além do ensino da língua: “Dou aulas de cultura e depois na prática da língua foco muito, não só as questões culturais portuguesas, mas também questões de expressão portuguesa dos PALOP”.

O intuito desta professora é alargar horizontes culturais dos seus alunos e mostrar-lhes a diversidade do português. É “para eles não ficarem polarizados, entre Portugal e Brasil, e também terem consciência que o português também se fala noutros países que têm outras culturas. É uma coisa que lhes interessa bastante”, conclui.

Mas Cláudia Fernandes tem um desejo quanto lhe perguntamos o que ainda pode ser feito para desenvolver o ensino da língua. A professora admite uma necessidade de maior investimento no ensino.

“O meu grande cavalo de batalha é o português fazer parte dos currículos de língua estrangeira”, aponta.

Novos portugueses na Áustria não querem o “carimbo de emigrantes”

Num encontro promovido pelo Festival Terras sem Sombra, junto da Embaixada de Portugal em Viena, a diplomacia portuguesa indicou que nos últimos cinco anos têm se registado uma “subida acentuada” no número de emigrantes portugueses na Áustria.

Hoje vivem no país oito mil portugueses e os que chegaram mais recentemente têm um perfil diferente dos emigrantes mais antigos. Hoje a tipologia de trabalho é diferente e surgem jovens com melhores qualificações.

Cláudia Fernandes, a leitora de português na universidade de Viena explica que hoje os novos emigrantes “procuram outras coisas e talvez tenham alguma resistência às comunidades ou associações portuguesas”.

“Não quererem associar-se ao carimbo de emigrante”, explica esta portuguesa que desenvolveu um trabalho doutoramento precisamente sobre a questão da emigração na Áustria.

“Cerca de 50% das pessoas que entrevistei, e que estavam aqui há mais de 2 anos, ou seja, a definição oficial de emigrante, diziam-me que não eram emigrantes”, indica a docente. A sua perceção é que há ainda um “estigma”

“É um estigma do emigrante ser aquele perfil do emigrante França, dos anos 1960, o emigrante económico. Há bastante resistência”, explica Cláudia Fernandes que a viver na Áustria há 20 anos já se considera uma “emigrante”, uma emigrante que faz a língua portuguesa ganhar mais falantes.

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  • Sara
    03 out, 2023 Lisboa 23:14
    Não venham Portugal está a torna se num país perigoso, abriram as portas a tudo, vejam os assaltos e as injustiças

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