14 jul, 2023 • Francisco Sarsfield Cabral
Antes de começar a cimeira da NATO, em Vilnius, soube-se que a Turquia iria pôr termo à sua oposição à entrada da Suécia na Aliança Atlântica. Essa boa notícia foi surpreendente porque Erdogan, horas antes, tinha dito que deixaria entrar a Suécia na NATO se os países ocidentais permitissem a entrada do seu país na UE. Esta reivindicação turca era tão irrealista que parecia ser uma maneira de Erdogan manter o “veto” à Suécia.
Mas Erdogan mudou de opinião, talvez influenciado por uma anunciada manobra de congressistas americanos, que ameaçaram a Turquia de não aprovarem o envio de armas dos EUA para este país, caso aquele “veto” se mantivesse. O facto é que, poucas horas após a nova posição de Erdogan sobre a adesão da Suécia à NATO, os EUA anunciaram ir enviar jatos F-16 para a Turquia.
Putin decidiu invadir a Ucrânia para enfraquecer a NATO. O resultado foi a NATO ter mais dois países membros, entre eles ainda este ano a Suécia, país que durante mais de 200 anos manteve uma posição oficial de neutralidade. A derrota estratégica da Rússia é agora evidente.
Quanto às condições para a Ucrânia aderir à NATO, não são exigências quanto à qualidade da democracia ucraniana. São sobretudo condições militares. Recorde-se que Portugal foi, em 1949, um dos países fundadores da NATO e nessa altura não havia democracia no país.
Zelensky inicialmente reclamou contra a ausência de data e de calendário na prevista adesão da Ucrânia à NATO. Mas como seria possível fixar datas se não se sabe quando termina a guerra? No fim da cimeira Zelensky considerou ter recebido garantias sólidas de segurança, até porque o G7 (grupo dos sete países mais desenvolvidos) confirmou o compromisso de apoio militar permanente e sustentado à Ucrânia até à adesão formal à NATO.
Por outro lado, os aliados comprometeram-se a investir “pelo menos 20% dos orçamentos de defesa em equipamentos”, objetivo que deve ser cumprido em conjunto com o mínimo de 2% do PIB nas despesas anuais com defesa.
Em resumo, esta cimeira da NATO não foi uma oportunidade perdida.