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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Deflação na China

16 fev, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O maior problema económico da China é, atualmente, a deflação, que trava o crescimento económico. Mas Xi Jinping cada vez mais controla a vida das pessoas e das empresas. O que afasta investidores estrangeiros e mina a confiança dos chineses no seu governo.

A economia da China terá crescido 5,2% em 2023. Mas indicadores recentes justificam preocupações sobre o crescimento económico chinês a prazo. Dada a grande dimensão da economia chinesa, os seus problemas interessam a todo o mundo.

O sector do imobiliário está em crise. É aqui que mais se faz sentir o excesso no recurso ao crédito, resultando em mais crédito malparado. À maior empresa imobiliária da China, a Evergrande, foi decretada falência por um tribunal de Hong Kong no final de janeiro do corrente ano.

Também o desemprego começou a fazer-se sentir, em particular entre os jovens. Recentemente muitos trabalhadores altamente colocados sofreram cortes salariais. Por outro lado, abrandaram as receitas das exportações e o mercado bolsista da China atravessa um mau momento.

Mas o maior problema económico da China é, atualmente, a deflação. Os preços baixam desde há quatro meses. Neste quadro, muitos consumidores adiam compras, na expectativa de virem a comprar mais barato. O que leva as empresas a também adiarem investimentos. Numa palavra, a deflação trava o crescimento económico.

Cada vez mais Xi Jinping tem vindo a controlar, através do partido comunista chinês, a vida da população e também a vida das empresas. O que já conduziu ao afastamento de muitos investidores estrangeiros e começa a afetar empresas na China. O semanário The Economist refere indícios de fuga de capitais.

O problema não tem solução à vista, pois Xi Jinping e o seu partido comunista não estão disponíveis para aliviar esse crescente colete de forças. Daí que esteja a aumentar a falta de confiança na capacidade dos dirigentes políticos chineses para conduzirem a economia a bom porto. Por parte de investidores estrangeiros e de muitos chineses.

Quando a economia chinesa crescia a taxas muito elevadas, superiores a 6% ao ano, como aconteceu durante cerca de trinta anos, a desconfiança não existia. Mas essas taxas pertencem ao passado. Por isso o abrandamento económico da China se transformou num sério problema político, até porque torna mais improvável que o país atinja os níveis económicos dos Estados Unidos.

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