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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Defender a democracia nas eleições

12 fev, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


PS e PSD não acordaram em prometer que o partido que tivesse mais votos, mas não a maioria absoluta, deveria governar, embora minoritário no parlamento, remetendo-se o outro partido à oposição. Falta um genuíno empenho em defender a democracia.

Sobre as eleições de 10 de março pairam algumas nuvens. Receia-se que dessa votação não saia um novo governo, por nenhum partido obter a maioria. Ora se a democracia liberal, como é a nossa, se mostrar incapaz de trazer governabilidade ao país, ganham argumentos os críticos do regime democrático. Uma estranha forma de comemorar os 50 anos do 25 de Abril.

Também preocupa a previsível subida do Chega, um partido que, não se confessando anti-democrático (por enquanto...), vai dando indícios de admirar o regime derrubado no 25 de Abril de 1974. Calcula-se que o Chega terá cerca de um quinto da votação. Recorde-se que o partido nazi chegou ao governo da Alemanha através de eleições; uma vez no poder, os nazis acabaram com eleições.

Será que os principais partidos que disputam as eleições de 10 de março, o PS e o PSD, terão consciência de quanto se joga nessas eleições relativamente ao futuro da nossa democracia liberal? Tenho dúvidas, pois não concordaram em prometer que o partido que tivesse mais votos, mas não a maioria absoluta, deveria governar, embora minoritário no parlamento, remetendo-se o outro partido à oposição.

A ideia deste acordo seria “poupar o regime à ascensão da extrema-direita ao poder”, como escreveu Pedro Norton no Público de 6 do corrente mês. Mas o próprio P. Norton considerou essa ideia ingénua, perante os partidos que temos.

A recusa de uma tal hipótese é muito clara da parte do atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos – apesar de socialistas de várias tendências terem defendido publicamente que o seu partido deveria viabilizar um governo minoritário do PSD e vice-versa. Refiro-me, por exemplo, a Francisco Assis e a Ana Gomes.

Assim, o PS prossegue na sua opção preferida de usar a ameaça do Chega para enfraquecer a Aliança Democrática (AD), insistindo em que Montenegro acabará por acolher o apoio do partido de A. Ventura se não tiver maioria. Note-se que a AD também não encara viabilizar um eventual governo minoritário do PS.

Em tudo isto falta um genuíno empenho em defender a democracia.

Comentários
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  • Jose Carlos Fonseca
    12 fev, 2024 Maia 12:03
    Demagogia. De tanto falar no tal partido mais votos lhe dão. Excelente publicidade para o CH.
  • José J C Cruz Pinto
    12 fev, 2024 Ílhavo 07:41
    Está desactualizado, pelo menos em relação à deputada Ana Gomes. Ouça a própria. [E basta ouvir quer Bolieiro, quer Montenegro, quer a generalidade dos quadros e comentadores do PSD (onde não se incluem Pacheco Pereira e outros) para se perceber que a "defesa da democracia não é a prioridade maior].