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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A Ucrânia isolada

03 abr, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A Ucrânia debate-se hoje com uma dramática escassez de meios humanos e militares para se opor à invasão da Rússia. O que, em grande parte, resulta de ter esmorecido o apoio internacional à causa ucraniana.

Tem sido notória a tentativa de Putin em envolver a Ucrânia no grande atentado terrorista em Moscovo no dia 22 do passado mês de março. Isto, apesar do Daesh ter reivindicado o atentado e de os suspeitos já detidos serem asiáticos. A comunicação social russa, dominada pelo regime autocrático ali vigente, multiplica acusações no mesmo sentido.

Estamos perante um indício claro de que Putin quer atacar em força a Ucrânia, alargando a ocupação, que é atualmente de cerca de um quinto do território ucraniano. A Rússia procura aproveitar as dificuldades que agora atravessa aquele país

De facto, a Ucrânia debate-se com uma dramática escassez de meios humanos e militares para se opor à invasão da Rússia. As forças armadas da Ucrânia desde há várias semanas racionam o uso de munições. O que, em grande parte, resulta de ter esmorecido o apoio internacional à causa ucraniana.

Macron parece empenhado em ajudar a Ucrânia, pelo menos é o que logicamente decorre das suas afirmações sobre a possibilidade de forças europeias intervirem na Ucrânia para deterem o exército russo. Mas da parte dos outros líderes europeus predomina o silêncio sobre o apoio à Ucrânia.

O aparecimento de outros focos de conflito bélico – como em Gaza, por exemplo – terá retirado popularidade ao auxílio à Ucrânia. A maioria dos políticos europeus parece ter esquecido as suas próprias palavras, quando até há meses considerava catastrófica uma eventual vitória russa na Ucrânia. É uma situação deprimente.

Ainda mais grave do que a atitude europeia é o bloqueio nos Estados Unidos ao envio de apoio financeiro e militar à Ucrânia. Os políticos republicanos, hoje dominados por Trump, travam essa ajuda vital. Aliás, Trump tem repetido que, se for de novo Presidente dos EUA, em 24 horas acaba com a guerra da Ucrânia. Como? É muito simples: cortando todo o apoio americano a este país invadido. Putin agradece.

Esta situação trágica faz lembrar o que Winston Churchill disse ao primeiro-ministro britânico Chamberlain quando este regressou do “acordo” de Munique, em setembro de 1939: "entre a desonra e a guerra, escolheste a desonra, e terás a guerra”.

Comentários
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  • António Costa
    03 abr, 2024 Porto 11:01
    Se ao menos a guerra tivesse acabado mais cedo, alguém dira. Que vem depois da loucura? Arrependimento, desconsolo por tantos templos destruídos para nada. Esqueça lá os mapas politicos, essas linhas já deram tantas curvas que é dificil definir se alguma vez foram mais que caprichos de sr. feudais. Não é aceite discriminação por questões de língua, tradições, etc e tudo começou dai e deu no que deu. Macron é a criança na sala, o jovem impulsivo, nada mais. Evidências, ver com os olhos postos no futuro. Do lado do sr. feudal russo, quero lá saber, cinjo-me aos factos, que fazer senão condenar loucuras, todos perdem, nada se constroi, matanças, barbaridades, crueldades alimentadas pelo inimigo da humanidade, nada mais. O mundo esperava à porta da gruta a salvação dos jovens, no cimo do buraco do poço, isto é a humanidade real. Numa loucura como a guerra ela retrai-se, não quer saber, já sabe.