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A Avril Lavigne está morta? Podcast ressuscita teoria das catacumbas da Internet

28 fev, 2024 - 17:42 • Redação

O novo podcast da BBC, apresentado por Joanne McNally, explora uma das teorias mais populares do mundo online.

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As teorias da conspiração nunca saíram de moda, em particular em lugares onde o conteúdo não é filtrado nem policiado, e a imaginação e paranoias podem correr livremente sob a farsa de informação legítima - os cantos da Internet. O Justin Bieber é um réptil, a Beyoncé pertence aos Illuminati, o Michael Jackson está vivo, e a Avril Lavigne está morta.

Em 2011, um blog brasileiro chamado 'Avril Está Morta' popularizou-se por tornar viral uma proposição polémica - a Avril Lavigne está morta desde 2002, e foi convenientemente substituída pela sua clone, Melissa.

A teoria é que, após a morte do avô, que aconteceu depois do lançamento do seu álbum de estreia Let Go, em 2002, Avril caiu numa depressão profunda, o que, acumulado ao stress da ascensão à fama, levou a que a cantora se suicidasse. Os editores e produtores, sedentos de dinheiro e desapontados com a perda de uma potencial estrela que poderiam explorar, arranjaram uma substituta, uma 'doppelgänger' chamada Melissa, com feições surpreendentemente parecidas com as de Avril, mas - de acordo com alguns fãs conspirativos - meia dúzia de diferenças chave, que distinguem as duas.

Apesar de parecer, em primeira instância, que tudo isto é um grande absurdo - e talvez em segunda, e em terceira também - a adesão e popularidade que a teoria atingiu é notável. Em parte, porque gerou curiosidade entre umas quantas pessoas que não acreditam nela. A história é chamativa porque é engraçada, também porque é polémica, e porque é ridícula. Mas, por vezes, o primeiro passo do deslize para os escombros das teorias da conspiração é curiosidade e aborrecimento. O segundo poderá ser passar horas a mais na Internet e perder algum contacto com a 'vida real'.

As evidências para a suposta substituição da cantora são refutáveis - mudança do aspeto físico (acontece), mudança da caligrafia (também acontece), e mudança de estilo musical (acontece também, ainda que esta última pareça mais difícil de aceitar para alguns fãs). Um dos grandes propulsores da teoria é que Avril passou de uma artista que refletia uma imagem na qual qualquer adolescente ocidental rebelde, indignado e aborrecido se podia projetar, para uma cantora pop polida e mais comercializável. Isto levou à descrença de alguns fãs de que a artista que os representava se podia ter transformado num produto, não entendendo que ela sempre o tinha sido, simplesmente tinha deixado de ser um produto dirigido a eles.

Mais de uma década depois do nascimento da teoria, a BBC lançou um podcast apresentado pela comediante Joanne McNally, chamado 'Who Replaced Avril Lavigne?' (Quem substituiu a Avril Lavigne, em português), que pretende investigar a fundo o caso da suposta substituição da artista canadiana. Não, na realidade esta não será uma investigação jornalística rigorosa que procura rastrear o que realmente aconteceu 2002. Se este podcast investiga alguma coisa, é o interesse que estas teorias da conspiração suscitam nas pessoas, e quão longe conseguem chegar estes debates corriqueiros online. Para quem procura uma resposta definitiva em relação ao tema, deverá procurar outro podcast para ouvir.

O podcast de humor, que compreenderá uma série de 6 episódios, conta com a presença de um grande leque de entrevistados, desde a melhor amiga da apresentadora, a outros comediantes e apresentadores de podcasts. O tema principal funciona apenas como um tema introdutório, que permite a McNally explorar e divagar sobre outros variados assuntos com os convidados.

No episódio promocional, Joanne McNally dá a entender que visitou a cidade natal da cantora, em busca da casa onde ela cresceu. Em que é que isto nos clarificará relativamente à morte de Avril Lavigne não é a questão. A questão é que McNally é cómica, perspicaz, e tem particular interesse em mergulhar o mundo complexo da 'lore' da Internet.

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