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Dois anos de guerra na Ucrânia

Portugal já recebeu cerca de 60 mil refugiados ucranianos

23 fev, 2024 - 07:00 • Liliana Monteiro

ACNUR preocupado com a saúde mental dos deslocados e com o número de crianças que há dois anos não vão à escola na Ucrânia.

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Portugal foi um dos países solidários que após a invasão Russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, se ofereceu para recebeu cidadãos ucranianos que fugiam do conflito. De acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o nosso país acolhe, atualmente, cerca de 60 mil refugiados ucranianos.

"Nos finais de 2023 estávamos a falar de cerca de 55.440 refugiados ucranianos em Portugal. Isto mostra que a generosidade no contexto português foi muito grande e continuamos a assistir a uma enorme manifestação de solidariedade e apoio a Ucrânia ainda nos dias de hoje", diz à Renascença Joana Feliciano, responsável de marketing e comunicação da Portugal com ACNUR.

Segundo a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), Portugal atribuiu mais de 59.500 títulos de Proteção Temporária a refugiados da Ucrânia nos últimos dois anos.

O conflito que opõe a Rússia à Ucrânia assinala agora dois anos e provocou a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, indica o ACNUR.

"Muitas destas pessoas manifestam desejo de voltar em segurança para a Ucrânia. Há movimentações temporárias de alguns que se deslocam dos países de acolhimento para ir visitar a família que deixaram na Ucrânia, querem reencontrar-se passado tanto tempo e ver como estão os seus bens e se ainda existem", explica Joana Feliciano.

Crianças sem escola na Ucrânia

Metade das crianças em idade escolar que ainda vive no país corre o risco de ficar sem qualquer tipo de ensino escolar e a responsável de marketing e comunicação da Portugal com ACNUR diz que essa é uma enorme preocupação.

"Isto tem grande impacto nas crianças e famílias. Apenas metade dos 3,9 milhões de crianças frequentam a escola. Estamos a perspetivar que o próximo possa ser o quarto ano letivo com ensino interrompido desde o inicio da guerra", alerta.

A Portugal com ACNUR conta com vários programas de ajuda no terreno e diz que são evidentes os efeitos na saúde mental dos refugiados, desde os mais velhos às crianças. “É preciso haver acompanhamento a nível de saúde mental e psicossocial destas pessoas que veem as suas vidas dilaceradas. Um terço dos agregados familiares indica ter um membro com problemas de saúde mental, fruto do desgaste emocional e físico desta guerra, da ausência da vida normal, da família e dos amigos. É um dilacerar de laços emocionais".

Ao todo há quase 6,5 milhões de refugiados ucranianos espalhados pelo mundo, mas muitos mantiveram-se no país.

“Cerca de 3,7 milhões de pessoas permanecem dentro do país à procura de ajuda porque estão deslocadas. Mais de 14,6 milhões de pessoas na Ucrânia e países vizinhos precisam urgentemente de assistência humanitária. Cerca de 40% da população Ucrânia precisa de apoio humanitário e proteção para sobreviver", revela Joana Feliciano, da Portugal com ACNUR.

Numa altura de campanha para as eleições legislativas de 10 de março em Portugal, e em que o tema dos refugiados e imigrantes parece esquecido, esta responsável afirma que “dos políticos espera-se que não esqueçam dos imigrantes e refugiados, que todos os partidos tenham consciência social. Não podemos esquecer a necessidade do outro porque o outro podemos ser nós amanhã", alerta.

ACNUR quer apoiar 2,7 milhões de refugiados ucranianos


Há 30 anos que o Alto Comissariado da ONU para os refugiados (ACNUR) está na Ucrânia com vários programas que ajudam desde a atribuição de bens de primeira necessidade até ao apoio jurídico.

"Em 2023 conseguimos chegar a 2,6 milhões de pessoas. Casas reconstruídas, kit de abrigo e emergência, apoio social e jurídico. Em 2024pretendemos alcançar 2,7 milhões de ucranianos, mas para isso precisamos de apoio", explica à Renascença Joana Feliciano, responsável de marketing e comunicação da Portugal com ACNUR.

No terreno são várias as operações humanitárias em curso. "Apoio monetário para a população satisfazer necessidades tão básicas como alojamento, alimentação, artigos de higiene, necessidades energéticas, abrigos de emergência, geradores, vestuário", mas revela esta responsável da Portugal com ACNUR, as verbas são curtas.

Joana Feliciano faz um apelo à solidariedade e aos donativos, "para que estas pessoas em contextos extremos e vulneráveis não sejam esquecidas e a resposta humanitária se mantenha de pé porque cortar na esperança é cortar na capacidade que temos de poder garantir que estas vidas continuas a salvo".

A Agência da ONU para os refugiados precisa de 552 milhões de euros para missões planeadas para 2024 com o objetivo de garantir a ‘sobrevivência no terreno’ de largos milhares de pessoas afetadas pela guerra, mas tem assegurada apenas 13% da verba.

Há várias formas de ajudar e esta responsável deixa exemplos. "Se uma pessoa tiver oportunidade de doar 32 euros, isso garante um kit de cozinha com panelas, colheres e um reservatório de água para garantir a subsistência alimentar de um agregado familiar. Mas com 50 euros conseguimos enviar 10 mantas para quem mais sofre com o inverno. Já com 80 euros conseguimos assegurar o kit inverno que vai desde a esteira, ao cobertor, roupa adequada, saco de cama, combustível e lâmpadas solares".

Os programas da Portugal ACNUR podem ser consultados em Https://pacnur.org/pt e os donativos podem ser feitos através de MBway através do 911060339.

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