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O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes socais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de sexta-feira em podcast.
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​O caso do IRS e o casinho da Adjunta Dantas

​O caso do IRS e o casinho da Adjunta Dantas

19 abr, 2024 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo


A ambiguidade do discurso governamental levou a uma manchete errada. Em 24 horas, o PM desbaratou o capital que tinha amealhado no primeiro dia da discussão do programa do Governo.

Montenegro não mentiu, mas iludiu. O que, no caso, vai dar ao mesmo. Em 24 horas, o PM desbaratou o capital que tinha amealhado no primeiro dia da discussão do programa do Governo, que era também o primeiro dia do resto da vida dele, como diz o poeta.
A ambiguidade do discurso governamental levou o Expresso (19.Abr) a uma manchete errada: “Montenegro duplica descida do IRS até ao verão”, escreveu o jornal. E acrescentou: “proposta é mais do dobro daquela que foi feita por Costa este ano. PS está disponível para avaliar”. A berraria foi total. O PS agendou de imediato um debate de urgência; o Chega quer o ministro das Finanças numa comissão parlamentar. Estava instalado mais um Carnaval, com uma manchete do CM a impedir o início de funções de Patrícia Dantas, indicada para adjunta do ministro das Finanças.
Os Media, regra geral, alinharam pela ideia de que houve embuste e manipulação no caso do IRS. “Montenegro quis tomar o país por parvo”, gritou Mortágua; “o ministro das Finanças não tem condições para a função”, explicou Ana Drago, na RTP3. Poucos deram relevo ao comunicado do Governo, logo no sábado, que começa por citar o PM: “uma descida das taxas de IRS…que vai perfazer uma diminuição global de cerca de 1.500 milhões de euros…face ao ano passado”. E perfazer é sempre o que falta juntar ao que já existe. Qual foi o propósito de as fontes levarem o Expresso ao engano? E se essas fontes induziram deliberadamente os jornalistas em erro, porque é que o Expresso não as revela? Porque é que não denuncia a trapaça?

Passos Coelho foi ao podcast de Maria João Avillez, no Observador, para revelar, entre outras coisas, que durante o seu Governo, “a Troika deixou de confiar em Paulo Portas” e explicar que a carta de compromisso exigida pela Troika foi assinada também por ele e pelo ministro das Finanças para proteger o líder do CDS/PP. E ele, Portas, nunca soube. Isto é, ficou agora a saber, publicamente. Para lá do despropósito da revelação, o que pretende Passos com estas sucessivas aparições? Federar toda a direita numa candidatura presidencial? Remover Montenegro e retomar a liderança do PSD? Paulo Pedroso, comentador de “O outro lado”, na RTP3, arrisca um prognóstico: “o Governo só chega ao fim do ano com o apoio do Chega”. Passos Coelho partilha a mesma opinião?

A Operação Influencer, aparentemente, foi um mal-entendido? A avaliar pelas decisões do Tribunal da Relação de Lisboa começa a ganhar corpo a ideia de que o MP não tem nada de substantivo. A Relação diz que não há indícios de que Lacerda Sales tenha exercido influência sobre Costa no caso do Data Centre de Sines ou “em qualquer outro assunto da governação”. E que as suspeitas sobre o ex-primeiro ministro são “meras proclamações, assentes em deduções e especulações”. As medidas de coação sobre Vítor Escária e Lacerda Sales foram reduzidas ao corrente TIR. Pedro Nuno Santos já veio a público pedir explicações à PGR porque a ação do MP “teve consequências gravosas”. E alerta: “é a democracia que está em causa”. A reação de Marcelo é verdadeiramente extraordinária: “Começa a ser mais provável haver um português no Conselho Europeu”.

A MediaLivre, que prepara o seu novo canal de televisão, depois de António Costa, ex-ministro-ministro, consegue também a colaboração do Cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal. São contratações de peso. De comentadores, não de jornalistas. Vamos ter mais um canal de comentário em vez de um canal de notícias?

Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, a alegada sobrinha, protagonista do episódio do morto em cadeira de rodas, num Banco do Rio de Janeiro, não sabia que estar vivo é o contrário de estar morto? Onde vai parar Joana Amaral Dias? Esta semana, cabem também aqui um elogio e uma proposta. O elogio a Maria João Marques, colunista do Público, pela coragem do artigo publicado esta quarta-feira (17); a proposta consiste na divulgação maciça da data das eleições europeias (9 de junho, em Portugal) porque só 14% dos inquiridos do Eurobarómetro, publicado pelo DN, manifestam conhecer o calendário das europeias (6 a 9 de junho).

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