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Habitação

Família despejada em Lisboa vai passar a noite num Alojamento Local

25 out, 2023 - 21:30 • Lusa

No entanto, amanhã, voltarão a ficar sem solução habitacional.

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A família constituída por um casal e um idoso dependente que foi despejada esta quarta-feira em Arroios, Lisboa, vai passar a noite num Alojamento Local, mas na quinta-feira voltará a não ter alternativa habitacional, disse fonte da associação Habita.

"Toda a gente que estava à volta deles, coletivos como a Habita e Stop Despejos e pessoas que apareceram, juntaram dinheiro e vão ter onde ficar esta noite", disse João Cruz à agência Lusa, frisando que o alojamento "foi pago do bolso dessas pessoas".

De acordo com o ativista, o casal e o idoso de 89 anos, que se movimenta numa cadeira de rodas, vão ficar num Alojamento Local com "acessibilidade para o pai de Alcina conseguir entrar".

"Mas, amanhã [quinta-feira] já não têm para onde ir", acrescentou.

Em causa está o despejo, decretado pelo tribunal, de Carlos Almeida, Alcina Lourenço e do pai desta.

O despejo ocorreu hoje de manhã sem serem dadas alternativas à família.

Contactado pela Lusa, Carlos Almeida disse que, "em princípio, já há um canto" para passarem a noite, sem saber precisar onde.

"É a única coisa que eu sei", afirmou, acrescentando que foi o que lhe comunicou a sua mulher, pois ainda se encontrava junto ao apartamento onde residiam, a guardar os bens.

Durante a tarde, ativistas e Alcina Lourenço estiveram no Ministério da Habitação para pedir ajuda, mas sem sucesso.

Segundo João Cruz, da Habita, "nenhuma instituição pública arranjou uma solução", tendo a família e os coletivos pressionado o Ministério da Habitação, a Câmara de Lisboa, a Santa Casa da Misericórdia e a linha 144 (Linha Nacional de Emergência Social).

As instituições chegaram a propor algumas respostas, mas "passavam todas por os separar", pelo que não aceitaram.

A família recusava-se a sair do T4 na zona de Arroios onde Carlos e Alcina, um casal, e o idoso, pai de Alcina, moravam (estes dois últimos há algumas décadas) por não ter encontrado, desde 2020, uma casa no mercado habitacional com uma "renda compatível com os seus rendimentos" e na qual conseguissem ficar juntos, incluindo o idoso, do qual a mulher cuida.

As autoridades já tinham tentado despejar a família no dia 03, mas vários populares e elementos da Habita juntaram-se no local e, apesar da presença de duas viaturas com elementos da PSP, não foi feita nenhuma tentativa para entrar no apartamento e retirar a família.

Segundo Carlos Almeida, Alcina tinha cerca de 7 anos quando foi viver, com o pai, para esta casa, com contrato de arrendamento em nome de uma tia que a ajudou a criar, mas que entretanto faleceu, tendo o senhorio ignorado tentativas de novo contrato e ajustamento do valor da renda.

Segundo a Habita, a família tem rendimentos totais de cerca de 1.200 euros e procurou nos últimos anos acesso a uma casa no mercado habitacional, mas também junto da Câmara e da Santa Casa da Misericórdia, sem sucesso.

Em 03 de outubro, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, contactada pela agência Lusa, assegurou que "tem estado a acompanhar a situação do agregado em causa" e que procurou encontrar "uma solução de resposta de emergência, perante a iminência da execução da ação de despejo".

No entanto, a família recusou a proposta porque previa a ida do idoso para um lar.

Alcina Lourenço, segundo a Câmara de Lisboa, está registada na Plataforma Habitar Lisboa desde 2021 e apresentou duas candidaturas ao programa de arrendamento apoiado, mas "a pontuação obtida, de acordo com a matriz de ponderação da carência socioeconómica, não atinge o valor que permita o acesso a uma habitação municipal".

Comentários
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  • Conhecimento
    31 out, 2023 areia para os olhos não 16:02
    Será necessário relembrar que existe uma ordem de despejo resultante de um processo em tribunal cuja a sentença transitou em julgado, sendo a favor do proprietário, onde ficou provado que a senhora não tinha o direito de se apropriar da utilização da casa, segundo consta t4, por 29€/mês (alegando que vivia lá desde os 7 anos, como já foi indicado por diversos jornais e “associações” como a Habita e Stop Despejos). Mas a verdade não interessa, o que interessa é fazer deste caso um bom exemplo para criar choque social e exigir o tal direito à habitação, que neste caso era à custa do privado e atropelando todos os demais direitos consagrados na nossa constituição, como gostam os BE’s e PCP’s desta vida. (exemplo, direito à propriedade privada e direito à iniciativa privada) Lê-se nas redes sociais que propuseram 700€ de renda para ficar na casa. E mostram imagens de uma casa em muito mau estado. Se o proprietário aceitasse tais condições, iria ter problemas logo após a assinatura do contrato, com esta gente toda a exigir obras, colocar um elevador de cadeiras de rodas no prédio para o idoso, etc etc. Por fim, até a advogada da associação dos inquilinos abandonou a representação desta gente. Por que será? Mas neste tópico nenhum jornal quis tocar. Será que têm procurado a verdade ou apenas procuram difundir o que ouvem sobre um dos lados? Assume-se o pior dos proprietários sem que se conheça toda a verdade.
  • Adélio
    26 out, 2023 V.N.Gsia 09:32
    A culpa é de todos nós porque escolhemos governos e instituições que é só promessas e só nos exploram ao máximo e também a culpa muitas vezes é das pessoas porque vivem cada dia e não pensam no dia de amanhã , se estão á espera de governos que prometem tudo é melhor ficarem sentados na rua porque as casas é para os donos e os amigos dos políticos porca miserável sociedade em que vivemos Viva o 25 de Abril que é só para alguns a gamela é a mesma os porcos é que são diferentes deviam de lhes pôr um arganel co focinho para não esfumar em terra alheia, procurem ter um dia melhor que para o futuro está muito sombrio
  • Contem tudo
    25 out, 2023 Não contem só metade 21:04
    Resumindo: o contrato original era em nome de uma Tia que faleceu. Alcina e o Pai apropriaram-se da casa que é um T3 - 4 assoalhadas - no centro de Lisboa, onde pagavam 29€ /mês e só tentaram um novo contrato quando o senhorio moveu um processo de despejo porque até aí, eram só 29€/mês por um T3 em pleno Centro de Lisboa. O senhorio não quis e então aproveitaram um idoso em cadeira de rodas e chamaram os Habita e os Stop Despejos para continuarem em propriedade alheia. Contem a história toda, não contem só a metade que mete a lágrima de ocasião

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