18 mar, 2021 - 21:04 • Lusa
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Um estudo internacional, com investigadores da Universidade de Évora, revelou “uma correlação direta entre maior concentração de pólen no ar e o aumento nas taxas de infeção” pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.
A investigação, que a Universidade de Évora (UÉ) realçou, em comunicado, ser o “maior estudo desenvolvido até agora nesta área”, envolveu a análise de dados de 130 estações polínicas dispersas por 31 países dos cinco continentes.
A equipa contou com a participação, da parte da UÉ, de Célia Antunes, Ana Rodrigues Costa e Ana Galveias, do Instituto de Ciências da Terra (ICT), e Elsa Caeiro, do MED - Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Évora.
Os investigadores realizaram “uma análise transversal e longitudinal de dados sobre a quantidade de pólen no ar, tendo em consideração fatores meteorológicos e a infeção por SARS-CoV-2”, explicou a academia.
A “principal conclusão” deste estudo é, precisamente, o facto de ter revelado a existência de “uma correlação positiva, robusta e significativa entre a taxa de infeção” por SARS-CoV-2 “e as concentrações de pólen no ar”, destacou a UÉ.
Célia Antunes, citada pela universidade, lembrou que “a exposição ao pólen enfraquece a imunidade contra certos vírus respiratórios”, pelo que os investigadores, partindo dessa premissa, pretendiam saber “se o mesmo se aplicava à síndrome respiratória provocada pelo novo coronavírus”.
Só que os resultados apontam que a maior incidência de infeções por SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19, “coincide com as altas concentrações de pólen no ar”, indicou.
“Existe uma correlação direta entre maior concentração de pólen no ar e o aumento nas taxas de infeção de Covid-19”, sublinhou a também professora do Departamento de Ciências Médicas e da Saúde da academia de Évora.
O estudo alude ainda à circunstância de que o facto de a pandemia de Covid-19 ter atingido a Europa e a América do Norte durante a primavera explica o número mais elevado de infetados pelo novo coronavírus, uma vez que, “o aumento da temperatura leva também ao aumento das atividades sociais e ao ar livre, disse a UÉ.
“O que, por sua vez, significou uma maior exposição ambiental a bioaerossóis” explicou a investigadora.
Por outro lado, no hemisfério sul, no mesmo período, “países como a Argentina, a África do Sul ou a Austrália apresentaram baixa concentração de pólen e também menos infeções por SARS-CoV-2”, precisamente por não estarem na primavera.
A densidade populacional nos diferentes países ou ainda os graus de confinamento adotado foram variáveis tidas em conta pelo estudo.
“Sabe-se agora que o pólen transportado pelo ar, associado a aspetos como a idade, a humidade e a temperatura ajudam a explicar em média, 44% da variabilidade da taxa de infeção" pelo SARS-CoV-2, o coronavírus que provoca a doença Covid-19, destacou Célia Antunes, acrescentando ter ficado demonstrado no estudo que as taxas de infeção pelo novo coronavírus “aumentaram após o registo de maior concentração de pólen nos quatro dias anteriores à infeção de determinado indivíduo".