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Ciclismo

Joaquim Gomes: bonificações na Volta ao Alentejo vão “dar um acréscimo de interesse à corrida”

19 mar, 2024 - 08:35 • Carlos Calaveiras

Em conversa com Bola Branca, o diretor da Volta ao Alentejo, uma prova que ganhou há 36 anos, revela os encantos do que vem aí e também que torce o nariz à tecnologia. A ‘Alentejana’ disputa-se entre 20 e 24 de março.

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Começa esta quarta-feira a 41.ª Volta ao Alentejo em bicicleta. Assinalar os 50 anos do 25 de Abril, dar rodagem a jovens, manter a luta pela liderança acesa até ao fim com as bonificações, são estas as expectativas de Joaquim Gomes para a histórica prova.

Em declarações à Renascença, o diretor da prova começa por lembrar que “a responsabilidade é sempre grande” porque esta é “uma das históricas provas do ciclismo português, que vai na sua 41.ª edição”.

“Abrange um território fantástico de cerca de 30 mil quilómetros quadrados, em que ao longo destas cinco etapa, num percurso de mais de 800 quilómetros de extensão, conseguimos desde o Baixo, ao Alto Alentejo, do Alentejo Central ao Litoral Alentejano juntar uma panóplia de paisagens que, à margem da parte desportiva, que obviamente é o que está aqui em causa, vai acrescentar um condimento que acaba por distinguir esta prova de outras provas por etapas que organizamos”, diz.

Joaquim Gomes lembra que esta vai ser uma edição especial. “Estamos a assinalar os 50 anos do 25 de Abril e procurámos em algumas etapas fazer algum apelo da memória coletiva da importante data da revolução. Por exemplo, na primeira etapa desta edição da Volta ao Alentejo – que vai ligar Castro Verde a Beja – vamos ter oportunidade de visitar a freguesia de Baleizão e passar exatamente junto ao memorial de Catarina Eufémia”.

O dirigente acredita que as bonificações, nas três metas volantes por etapa e nos finais, vão “dar um acréscimo de interesse à corrida” e, quem sabe, levar a dúvida sobre o vencedor até à última etapa.

O diretor da ‘Alentejana' aproveita para lembrar que “a Volta ao Alentejo desempenha um importante papel para o desenvolvimento do ciclismo nacional”.

“É das poucas provas de cariz internacional que se desenrolam no nosso país e que, além das nove equipas profissionais e seis equipas estrangeiras, permite a presença das três melhores equipas de Sub23 portuguesas. Esta é talvez a principal experiência do ano para os melhores corredores Sub23 nacionais. Ainda que tenham no mês de maio a sua própria Volta a Portugal – a Volta a Portugal do Futuro –, é na Volta ao Alentejo que eles têm oportunidade de estar ombro a ombro com os melhores valores do ciclismo português”, reforça.

Joaquim Gomes, que enquanto ciclista também venceu esta prova há 36 anos, não tem dúvidas: “Na essência, o ciclismo é exatamente o mesmo: a entrega, o empenho, o espírito de sacrifício, os valores que o ciclismo apregoa, mantêm-se perfeitamente intactos”.

Apesar disso, o antigo atleta faria uma alteração nas regras atuais: “O recurso à tecnologia que diretores desportivos e corredores têm em plena competição – que mais faz parecer uma bicicleta um tablier de um Boeing – muitas vezes é redutor do ponto de vista do atleta porque fica condicionado a determinados dados, o que retira um bocadinho de brilho à competição”.

Nestas declarações a Bola Branca, Joaquim Gomes olha para aquele que é considerado o melhor ciclista português da atualidade, comparando-o com os seus principais adversários na estrada: Pogacar, Vingegard, Evenepoel, por exemplo, alguns “supercorredores”.

“Para infelicidade do nosso João Almeida, que é um corredor com qualidades impares, ele está numa geração em que há um conjunto de nomes de supercorredores que acabam por, se calhar, impedi-lo de ir mais longe. Ainda que ele seja cotado como um dos melhores corredores do mundo, nomeadamente para as grandes provas por etapas, com grande margem de progressão”, referiu.

A Volta ao Alentejo vai decorrer entre 20 e 24 de março.

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